<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=259 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.02.1997.

 


Aos dezessete dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a  chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Teresa Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sessão de Instalação da Décima Segunda Legislatura e da Primeira Sessão Legislativa Ordinária. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 532 e 544/96, 02 a 04, 08 a 15, 17, 23, 25 a 28, 42, 43 e 60/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, 01 Pedido de Informações nº 12/97 (Processo nº 501/97); pela Vereadora Anamaria Negroni, 01 Indicação nº 03/97 (Processo nº 474/97); pelo Vereador Cyro Martini, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Eliseu Sabino, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97 (Processo nº 255/97); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 05 Pedidos de Providências, 01 Pedido de Informações nº 09/97 (Processo nº 391/97) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 09/97 (Processo nº 536/97); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Informações nº 14/97 (Processo nº 533/97) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97 (Processo nº 584/97); pela Vereadora Maria do Rosário, 01 Projeto de Resolução nº 01/97 (Processo nº 275/97) e 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/97 (Processo nº 170/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 02 Projetos de Resolução nºs 02 e 03/97 (Processos nºs 282 e 283/97, respectivamente) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 04/97 (Processo nº 281/97). Ainda, foram deferidos pelo Senhor Presidente os seguintes Requerimentos, solicitando desarquivamento de processos: do Vereador Décio Schauren, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 73, 111, 140, 144 e 152/96 (Processos nºs 1504, 2127, 2210, 2315 e 2472/96, respectivamente); do Vereador Paulo Brum, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 142, 153, 162 e 172/96 (Processos nºs 2233, 2481, 2785 e 2953/96, respectivamente) e do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 22/96 (Processo nº 3057/96);  do  Vereador Guilherme Barbosa, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nº 57/95 e 167/96 (Processos nºs 1458/95 e 2855/96, respectivamente). Após, o Senhor Presidente informou que o período a seguir seria destinado a assinalar o início dos trabalhos legislativos desta Casa, convidando a integrar a Mesa: o Prefeito Municipal de Porto Alegre, Senhor Raul Pont, e o Vice-Prefeito e Secretário de Governo, Senhor José Fortunati. Também, o Senhor Presidente concedeu a palavra em Tempo Especial aos Vereadores que quisessem se manifestar, tendo sido aprovada sugestão de Sua Excelência no sentido de que esses pronunciamentos tivessem o tempo regimental previsto reduzido para cinco minutos. Em prosseguimento, nos termos do inciso I do artigo 94 do Regimento, o Vereador João Dib registrou que, neste ano, a Câmara Municipal de Porto Alegre comemorará duzentos e vinte e quatro anos de história e cinqüenta anos de atividade ininterrupta. Afirmou que a sua Bancada continuará procurando soluções para os problemas da Cidade. Discorreu sobre a preservação  da harmonia e da independência dos  Poderes do Município,  atentando para a função fiscalizadora que tem esta Casa. Ainda, defendeu a  implementação de um Plano de Carreira para os municipários  e manifestou seu desejo de ver concluído o Plenário Otávio Rocha. O Vereador Reginaldo Pujol declarou ter aumentada sua responsabilidade em defender as posições do Partido da Frente Liberal, em função de ser o único Vereador deste partido com assento na Casa. Manifestou sua preocupação com os diversos problemas enfrentados pela Cidade, enfatizando seu compromisso de defender a causa pública. O Vereador Nereu D'Ávila falou sobre o acompanhamento feito pela Bancada do Partido Democrático Trabalhista em relação aos problemas de Porto Alegre, reportando-se, em especial, à necessidade de construção de uma Pista de Eventos. Afirmou que a Bancada do PDT não fará oposição sistemática à Administração Popular, mas também não estará necessariamente atrelada a projetos do Executivo. A Vereadora Clênia Maranhão teceu considerações a respeito do papel dos políticos na atual conjuntura brasileira e mundial, reafirmando o compromisso do Partido do Movimento Democrático Brasileiro em defender os interesses do povo, acima de qualquer interesse particular. O Vereador Carlos Garcia teceu comentários acerca das funções legislativa e fiscalizadora desta Casa, afirmando ser compromisso de Sua Excelência a defesa das idéias e princípios que compõem o pensamento político do Partido Socialista Brasileiro, no intuito de buscar uma sociedade mais justa, fraterna e liberta. Na ocasião, o Senhor Presidente  fez a apresentação dos titulares das Diretorias desta Casa, bem como da Procuradora-Geral: Senhor Adalberto Heck, Diretor-Geral; Senhora Inês Haffner, Diretora Legislativa; Senhor Luiz Afonso Melo, Diretor de Patrimônio e Finanças; Senhora Sônia Vaz Pinto, Diretora Administrativa e Senhora Marion Huff Marroni Alimena, Procuradora-Geral. A seguir, nos termos do inciso I do artigo 94 do Regimento, o Vereador  Gerson  Almeida  teceu  considerações sobre as lutas dos trabalhadores contra o  desemprego  e a miséria, falando do seu dever, enquanto legislador, de defender as causas populares. Discorreu  sobre  a  composição  pluripartidária  da atual Mesa Diretora da Casa e afirmou que o compromisso da Bancada do Partido dos Trabalhadores é o de debater e construir opiniões, num diálogo constante com todos os Vereadores e Bancadas. O Vereador Lauro Hagemann ressaltou a importância da revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que deverá ser feita nesta Legislatura. Afirmou  sua posição  no sentido de continuar dando sustentação ao Governo Municipal,  lembrando que o Partido Popular Socialista é o mais antigo aliado do Partido dos Trabalhadores na Frente Popular. O Vereador Antonio Hohlfeldt discorreu sobre o crescimento da Bancada do Partido da Social Democracia Brasileira, não só nesta Casa, mas também a nível estadual e federal. Registrou sua preocupação com os problemas de Porto Alegre, principalmente no que diz respeito ao DMAE e às relações com o funcionalismo público  municipal. Também, chamou a atenção para a importância de documento, produzido pela Casa, relativo ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. O Vereador Paulo Brum falou do compromisso da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro com os ideais do povo de Porto Alegre, afirmando que seu partido não fará oposição sistemática ao governo, mas buscará  representar da melhor maneira possível os anseios da população. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Prefeito Raul Pont, que teceu considerações sobre a participação de vários segmentos da sociedade nos debates referentes ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e comunicou que enviará à Casa um novo modelo de gestão do sistema de transporte coletivo da Cidade. Pediu o apoio dos Vereadores para o desenvolvimento do turismo em Porto Alegre, principalmente com a construção da Pista de Eventos. Finalizando, referiu-se ao plano de carreira dos municipários e afirmou que o desejo de respeito e boas relações entre o Executivo e o Legislativo, expresso pelos integrantes desta Casa, é compartilhado pelo Executivo Municipal. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que serão distribuídas aos Senhores Vereadores cópias do Orçamento para este ano e, também, aos Vereadores que o solicitaram, cópias do discurso de posse de Sua Excelência. Durante este espaço destinado a assinalar o início dos trabalhos legislativos da Casa, o Senhor Presidente acusou o recebimento de telegramas referentes ao presente evento, de autoria do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil, e dos Deputados Estaduais Marcos Rolim e Jussara Cony. Também, registrou as presenças do Senhor Arno Augustin, Secretário Municipal da Fazenda; do Senhor Dieter Wartchow, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE; do Senhor Vicente Rauber, Diretor do Departamento de Esgotos Pluviais - DEP; do Senhor Ronaldo Zulke, Chefe de Gabinete do Prefeito; do Senhor  Cézar Alvarez, Secretário Municipal da Administração; da Senhora Margareth Moraes,  Secretária  Municipal  da  Cultura;  do Senhor João Verle, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB; do Senhor Rogério Santana dos Santos, Diretor-Presidente da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre - PROCEMPA; do Senhor João Carlos  Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo - EPATUR; da Senhora Ana Paula Motta Costa, Presidente da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC; do Senhor Henrique Fontana, Secretário Municipal da Saúde; do Senhor Hideraldo Caron, Secretário Municipal do Meio Ambiente; da Senhora Clarice Copetti, representando a Secretaria Municipal do Planejamento; do Senhor Francisco Thormann, representando o Secretário Municipal de Obras e Viação; do Senhor Roselino Mello, Chefe de Gabinete do Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU; da Senhora Leda Argemi, representando a Secretaria Municipal de Esportes; do Senhor Ricardo Zamora, Subsecretário do Governo Municipal; do Senhor Rogério Fraveto, Procurador-Geral do Município, do Senhor Ricardo Gutti, Assessor Parlamentar do Governo Municipal; do Vereador Alcindo Kempfdr, do Município de Horizontina/RS; do Vereador Wainer Machado, do Município de Livramento/RS; do Senhor Paulo Ferreira, Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre e do Jornalista Adaucto Vasconcellos. Às quinze horas e trinta e dois minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às quinze horas e quarenta e um minutos, iniciando-se a ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Senhor Presidente acolheu Questão de Ordem do Vereador João Dib  acerca dos termos da Ata da Sessão de Instalação da Primeira Sessão Legislativa Ordinária, informando que a mesma seria revista pela assessoria legislativa. Também, acolheu Questão de Ordem do Vereador Luiz Braz, acerca da posse do Vereador João Verle na diretoria do Departamento Municipal de Habitação. A seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear a luta em defesa do patrimônio público  e da soberania nacional,  nos termos do Requerimento nº 06/97 (Processo nº 111/97), de autoria da Vereadora Maria do Rosário. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre;  o Senhor Raul Pont, Prefeito Municipal; o Senhor José Fortunati,  Vice-Prefeito Municipal e Secretário de Governo do Município; o Coronel José Airton Mendonça, Representante do Comando Militar do Sul; o Major Flávio Amorin, representante do Comando Geral da Brigada Militar;  o Senhor Alcindo Kempfdr, Diretor da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, representando as entidade sindicais hoje aqui presentes; o Vereador Paulo Brum, 1º Secretário deste Legislativo.  Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores. A Vereadora Maria do Rosário  falou sobre a necessidade de defesa do patrimônio público frente aos  processos de privatizações  encaminhados pelos Governos Federal e Estadual. Afirmou a necessidade de uma nova concepção do  Estado contemporâneo e defendeu a discussão por esta Casa  dos grandes temas  nacionais. O Vereador Adeli Sell rememorou a histórica luta do povo brasileiro em defesa do patrimônio público, comentando a grande influência dos meios de comunicação na política nacional e sustentando a necessidade do engajamento desta Casa  em um amplo  movimento nacional pela democratização dos meios de comunicação. O Vereador Pedro Américo Leal reportou-se à necessidade de definir o que se entende por "soberania nacional", afirmando que esta é a capacidade de um país de se fazer respeitar em suas pretensões. Defendeu a intervenção dos militares na política nacional e analisou os processos de privatizações em face  da dívida externa nacional. O Vereador Isaac Ainhorn, rememorando a tradição histórica desta Casa, de pioneirismo em movimentos como o  pela abolição da escravatura e proclamação da República,  analisou a situação econômica do Brasil, dando especial atenção ao sistema financeiro e à privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Também, defendeu o caráter suprapartidário da luta em defesa do patrimônio público nacional. O Vereador Antônio Losada propugnou pela  união  dos trabalhadores em  defesa do patrimônio público, analisando a trajetória do movimento sindical do Brasil. Também, reportou-se à situação dos agricultores sem terra e à necessidade premente de uma reforma agrária no País. O Vereador Carlos Garcia criticou a entrega do patrimônio público pela política neoliberal  do  Governo Fernando Henrique Cardoso. Comentou o processo de privatização da  Companhia Vale do Rio Doce,  defendendo a necessidade de uma política de geração de empregos e a intensificação do movimento em defesa do patrimônio público nacional. O Vereador Cláudio Sebenelo abordou a crise  enfrentada pelo Estado brasileiro, discorrendo sobre a necessidade de  reforma  da sua estrutura e reportando-se às realizações do Governo Federal na área social, dando ênfase a dados referentes ao assentamento de famílias de agricultores sem-terra. Ainda, defendeu a gestão democrática e com participação popular do Estado brasileiro. Em continuidade, o Senhor Presidente, após consultar o Plenário, concedeu a palavra ao Vice-Prefeito José Fortunati, que  assinalou a necessidade de ser travada uma discussão sobre quais são os setores estratégicos para a economia do País. Abordando o crescente desemprego e os processos de privatização das empresas estatais, falou sobre a soberania nacional e o desenvolvimento da democracia. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Clênia Maranhão atentou para a necessidade de ser pensada a questão da soberania em meio a complexificação de nossa sociedade. Afirmou ser essencial a promoção de um intenso debate sobre o papel do Estado neste final de século e defendeu a importância da Companhia Vale do Rio Doce  para a soberania do País. O Vereador Cyro Martini, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Cláudio Sebenelo a respeito do assentamento de agricultores sem terra pelo Governo Federal, contestou os números apresentados por Sua Excelência. Comentou o tema da soberania nacional, afirmando a importância da discussão dos problemas de Porto Alegre. Protestou contra a pouca repercussão da denúncia de irregularidades envolvendo funcionário do Governo Estadual  responsável pelo edital de seleção das empresas que prestarão o serviço de vistoria de automóveis para o novo Departamento de Trânsito. Após, em COMUNICAÇÃO  DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol  afirmou  que, apesar de sua voz como  liberal  ser  minoritária na Casa, é  extremamente salutar o exercício democrático da crítica e da pluralidade de posições. Reportando-se ao tema da soberania nacional,  lembrou que a moeda é um importante símbolo desta, afirmando, também,  que não é  irrestritamente partidário das privatizações.  O Vereador Luiz Braz relembrou a luta histórica de seu partido  em defesa da economia e do patrimônio público nacional. Teceu considerações sobre o processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce e  afirmou que o entendimento sobre as privatizações não pode ser o mesmo  da  década de cinqüenta.  O Vereador Juarez Pinheiro declarou estar ocorrendo uma submissão irrestrita do Governo Federal aos interesses internacionais, falando sobre a dívida pública brasileira e a Lei de Patentes que  hoje vige no País. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Alcindo Kempfdr, que, em nome do Fórum de Defesa das Estatais e das entidades de trabalhadores  aqui representadas, discorreu sobre o tema  da defesa do patrimônio público nacional, criticando as políticas de privatização  dos Governos Federal e Estadual. Durante  o período de Grande Expediente, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Paulo Ferreira, Secretário Geral do PT, da Vereadora Suplente Maristela Maffei, de representantes do Movimento  Sete de Setembro e de representantes de diversas entidades sindicais. Às dezoito horas e dois minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou suspenso os trabalhos, nos termos regimentais. Às dezoito horas e quatro minutos, constatada a existência de "quorum", foram reabertos os trabalhos e foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Clovis Ilgenfritz,  solicitando a prorrogação da presente Sessão. Em  COMUNICAÇÕES,  o Vereador Adeli Sell disse de sua satisfação pela menção feita pelo Senhor Prefeito Municipal, em seu pronunciamento, de que haverá recursos públicos para o implemento do turismo na Cidade. Referiu, também, manifestações recebidas a sua proposta de criação de uma escola técnica agrícola  municipal em Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador José Valdir, acerca da nominata de oradores do período de Comunicações, informando que, nas segundas-feiras, a mesma será designada pela Diretoria Legislativa, enquanto que, nas quartas-feiras,  deverão os Senhores Vereadores inscrever-se tão logo seja  constatado o "quorum"  da Sessão. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou ter o Vereador Carlos Garcia informado da sua necessidade de se retirar da Sessão e solicitado que fossem transmitidos seus cumprimentos à Assessoria de Relações Públicas, pelo trabalho realizado tanto durante a reunião-almoço ocorrida hoje na Casa, quando durante o período de Grande Expediente desta Sessão. Também, o Vereador Pedro Américo Leal questionou acerca das providências que foram tomadas quanto a solicitações que fez anteriormente, de retirada de obra de arte da Galeria Clébio Sória, e o Vereador Antonio Hohlfeldt indagou acerca da organização espacial deste Plenário. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Anamaria Negroni  externou sua satisfação pela visita à Casa do Senhor Prefeito Raul Pont, de Secretários Municipais e de Sindicalistas, saudando os Vereadores que hoje iniciam sua atividade legislativa. Disse ser favorável à construção de uma  Pista de Eventos na Cidade e lamentou que verba federal destinada às obras de reforma da Usina do Gasômetro não tenha sido repassada por falta de cumprimento dos prazos dessas obras. Também, classificou como arbitrária medida do Senhor Prefeito Municipal, de assinatura de Decreto terminando com os Centros Integrados de Escolas-Modelo. O Vereador Eliseu Sabino manifestou seu contentamento pela visita à Casa do Senhor Prefeito Municipal, associando-se  ao pronunciamento do Vereador Adeli Sell no tocante à necessidade de aplicação de recursos públicos na área turística. Pronunciou-se, ainda, favoravelmente à instalação de uma Pista de Eventos, assim como à criação de uma escola técnica agrícola em Porto Alegre. O Vereador Antonio Hohlfeldt reafirmou a posição que será mantida pelo PSDB, no sentido de responder a todas as questões nacionais a serem aqui apresentadas. Reportou-se, também, à entrevista do Deputado Paulo Delgado, publicada no Jornal Zero Hora, no mês passado,  acerca do comportamento do Partido dos Trabalhadores  ante a  questão da reeleição, analisando contradições observadas entre a teoria e a prática deste Partido. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt registrou seu desagrado com o comportamento das galerias, notadamente durante o discurso  do Vereador Cláudio Sebenelo. Lembrou que, em mil novecentos e oitenta e dois, foi eleito o único Vereador petista de Porto Alegre,  registrando a omissão desse fato hoje feita pelo Prefeito Raul Pont, e manifestou sua expectativa quanto ao aprimoramento das relações políticas entre os Poderes Legislativo e Executivo Municipais. Finalizando, teceu críticas ao Projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. O Vereador João Carlos Nedel reportou-se a Vetos apostos pelo Senhor Prefeito Municipal a projetos oriundos desta Câmara, fazendo uma análise do mérito dos mesmos e traçando um paralelo entre o discurso petista e a sua prática, a qual considera deva ser repensada. Às  dezoito horas e cinqüenta e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Convidamos a fazer parte da Mesa o Exmo. Sr. Prefeito Municipal, companheiro Raul Pont, que é nosso convidado para a abertura dos trabalhos legislativos desta XII Legislatura.

Oportunamente, citaremos a presença   dos Senhores Secretários e representantes do Governo que acompanham o Sr. Prefeito. Convidamos também a fazer parte da Mesa o  Vice-Prefeito e Secretário de Governo, José Fortunati.

Informamos que, além da matéria apregoada, temos também uma série de projetos do Executivo que estão constando do Expediente já distribuído, para examinar o Veto  vindo do Executivo Municipal.

Registramos a presença, para nossa honra, nesta primeira reunião, das seguintes autoridades: Arno Augustin, Secretário Municipal da Fazenda; Dieter Wartchow, Diretor-Geral do DMAE; Vicente Rauber, Diretor do DEP; Ronaldo Zulke, Chefe de Gabinete do Prefeito. Cézar Alvarez, Secretário Municipal da Administração; Margareth Moraes, Secretária Municipal da Cultura; João Verle, Diretor-Geral do DEMHAB; Rogério Santana dos Santos, Diretor-Presidente da PROCEMPA; João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da EPATUR; Ana Paula Motta  Costa, Presidente da FESC; Henrique Fontana, Secretário Municipal da Saúde; Hideraldo Caron, Secretário Municipal do Meio Ambiente; Clarice Copetti, representando a Secretaria Municipal do Planejamento; Francisco Thormann, representando o Secretário Municipal de Obras e Viação; Roselino Mello, Chefe de Gabinete do Diretor do DMLU; Leda Argemi, representando a Secretaria Municipal de Esportes; Ricardo Zamora, Subsecretário de Governo. Outros nomes poderão ser citados no decorrer do nosso trabalho.

Queríamos, Sr. Prefeito e Srs. Vereadores, dizer da importância e do orgulho que tenho por, neste momento, presidir esta primeira Sessão Ordinária da XII Legislatura, que não significa, apenas, uma passagem de ano, mas um processo que foi o resultado de nova eleição em nosso Município, que indicou o Prefeito, Vice-Prefeito e os novos Vereadores de nossa Cidade.

A presença do Sr. Prefeito muito nos honra. Consideramos uma decisão importante da Mesa de convidar o Sr. Prefeito, o Vice-Prefeito e todos os Secretários do Município para aqui estarem neste momento. Por quê? Porque estamos iniciando os trabalhos legislativos que são fundamentais para o processo de desenvolvimento da Cidade. O Poder Legislativo faz uma manifestação clara e inequívoca sobre o interesse que tem de abrir os seus trabalhos, desde já, com a participação do outro Poder, que é o Executivo Municipal.

Este Parlamento, composto por nove partidos políticos, com trinta e três Vereadores, e, seguramente, com nove propostas sociais e políticas, e com as variações de cabeça-a-cabeça, é altamente representativo daquilo que há de maior em uma cidade, que é a busca da cidadania, da representação e da participação.

Esta Mesa vai abrir a palavra a representantes de cada Bancada, porque entendeu que era importante este momento, destacando do próximo momento que será a Ordem do Dia, e, logo a seguir, haverá um ato, aprovado por esta Casa, que homenageia a Luta em Defesa do Patrimônio Público e da Soberania Nacional, conforme Requerimento da Verª Maria do Rosário, aprovado durante as Reuniões representativas.

Nós queríamos dizer que, tendo em vista o art. 142 do nosso Regimento, inciso I, estaremos, hoje, recepcionando um visitante ilustre. Isso  significa que poderemos abrir tempos especiais aos Srs. Vereadores, de acordo com o art. 94, parágrafo 1.º, letra “f”. Esse tempo especial, entretanto, pode ser - peço a atenção dos Srs. Vereadores para esse aspecto - de dez minutos. A Mesa, desde já, está sugerindo aos Exmos. Líderes, para ver se há acordo de lideranças e de todos, que o tempo dessas lideranças seja de cinco minutos. Se não há discordância - e consulto novamente os Srs. Líderes - sugiro que o tempo, conforme prevê o art. 94, ao invés de ser de dez minutos, seja de cinco minutos. Não havendo discordância, consideramos aprovado por unanimidade e vamos proceder à inscrição dos representantes de cada partido. Enquanto as inscrições estão sendo feitas com o auxílio do nosso Secretário, queríamos deixar muito claro aos convidados, à imprensa e aos visitantes que a Câmara hoje abre o ano legislativo, mas ela não esteve fechada. A Câmara trabalhou com muito vigor entre 15 de dezembro e 31 de dezembro, no mês de janeiro e na primeira quinzena de fevereiro, que é chamado de período de recesso. Mas a Comissão Representativa funcionou plenamente, tendo tido quórum em todas as suas reuniões, e todos os organismos da Câmara, com exceção do Plenário e das Comissões Permanentes, tiveram o seu trabalho sendo desenvolvido, o que é muito importante para que não se pense, como às vezes aparece na imprensa, que a Câmara pára dois meses e, depois, mais um mês durante o inverno; isso não é verdade. Passo a palavra para o ilustre Vereador, representante do Partido Progressista Brasileiro, Ver. João Antônio Dib. Enquanto ele se aproxima da tribuna, registro a presença de Rogério Fraveto, nosso Procurador-Geral do Município, e Ricardo Gutti, Assessor Parlamentar do Governo Municipal.

Com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Excelentíssimo Sr. Presidente, digníssimo Sr. Prefeito Municipal, Sr. Vice-Prefeito, Srs. Secretários, Diretores de autarquias, Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores. Neste ano, a Câmara vai comemorar 224 anos de história; nesses 224 anos, houve uma interrupção de 10 anos, de 37 a 47. Portanto, na realidade, entramos num período novo da Câmara; vamos comemorar 50 anos de continuados trabalhos e de profundo respeito entre Legislativo e Executivo, quando as coisas aconteceram e fluíram com normalidade. Quero dizer, Sr. Prefeito, Sr. Vice-Prefeito, Srs. Secretários, que a Bancada do meu Partido vai proceder como sempre procedeu; a nossa preocupação é a realização do bem comum, que se realiza votando, eventualmente, favoravelmente, criticando fortemente outras vezes e apontando soluções. E nós faremos isso, Sr. Prefeito e Sr. Vice-Prefeito. Quero também dizer que, nesses 50 anos, a primeira lei que a Câmara editou, assinada em 19 de dezembro de 1947 pelo então Prefeito Gabriel Pedro Moacir, cuidava dos interesses dos servidores municipais. A segunda cuidava dos interesses da Câmara Municipal e, especialmente, do seu serviço de estenografia. Com isso, quero dizer, Sr. Prefeito, que nesta tribuna nós já havíamos, reiteradas vezes, reclamado - e o fiz, exatamente há quatro anos, ao prefeito Tarso Genro - sobre o plano de carreira tão prometido aos servidores municipais. E não cumpriram essa promessa até hoje. Esta promessa é anterior ao ex-Prefeito Tarso Genro; vem do ex-Prefeito Olívio Dutra. Espero que a Secretaria de Administração, tão bem comandada pelo Dr. Cézar Alvarez, consiga, este ano ainda, trazer para  Casa o plano de carreira dos municipários, que é uma coisa tão esperada e prometida. Quero dizer, Sr. Prefeito e Sr. Vice-Prefeito, que a Câmara, como um todo, foi  constituída por 100% dos votos da população, enquanto que V.Exas. foram eleitos com cerca de 55% dos votos. Então, somos dois poderes harmônicos e independentes, e independência e harmonia devem ser preservadas durante todo tempo. É preciso que, quando a Câmara reclama, a administração do Executivo entenda que nós representamos a população como um todo, e gostaria que a harmonia e a independência se mantivessem permanentemente e que os Vereadores fossem sempre bem recebidos pelo Executivo, como o Executivo deve receber a atenção de todos os Vereadores.

Sr. Presidente, a minha Bancada, que não compõe o acordo que elegeu a Mesa, deve dizer a V.Exa. que lhe dará apoio em tudo o que for certo, especialmente para que o novo Plenário se torne efetivo e uma verdade de todos nós. Não se entende por que ainda não se transformou em realidade o plano de carreira dos municipários: as dificuldades são grandes, mas os recursos da  Prefeitura não são tão poucos. Queremos, depois de quatro anos, que esse Plenário se torne uma realidade. Para finalizar, gostaria de dizer que há um desejo enorme de todos nós de fazermos o melhor possível por esta Cidade, e aos meus colegas Vereadores, eu que sou um dos mais antigos aqui na Casa, diria que fazer leis não é função principal do legislador. A função principal do legislador é fiscalizar o exato cumprimento da lei. Não adianta fazer leis. Vejam que no expediente do dia de hoje temos dezenove vetos do Sr. Prefeito a projetos de lei feitos com  as melhores intenções, muitas vezes com muita pressa e outras vezes esquecendo a harmonia e a independência entre poderes. Sou grato pelo tempo que me foi dado, Sr. Presidente, e reitero a disposição da minha Bancada para com a Mesa e para com o Executivo Municipal de buscar tudo para que esta Cidade tenha momentos de profunda alegria. Ao Prefeito e ao Vice-Prefeito: sucesso, porque o sucesso dos Senhores será o sucesso de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos telegramas recebidos: do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil, que não pode estar presente e que se congratula com este ato; do Deputado Estadual Marcos Rolim, no mesmo sentido e apoiando também o segundo  momento, que é o ato em defesa do patrimônio público; da Deputada Estadual Jussara Cony.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores; ilustres convidados, nomeadamente o Prefeito Raul Pont e seu Vice-Prefeito Fortunati; meus Senhores e minhas Senhoras, mal consigo disfarçar algumas dificuldades pessoais que vivencio no momento, acometido que fui de um estado gripal de última hora, que ainda não consegui debelar. Não obstante, e considerando a circunstância de estarmos, hoje, na 1ª Sessão Ordinária da XII Legislatura, a quarta  que tenho o privilégio de participar como representante de uma camada da população porto-alegrense, realizo o que não deixa de ser um esforço pessoal para estar aqui presente, até porque, sendo integrante de uma Bancada de um só Vereador, eu não poderia ser incoerente com o meu discurso pela participação, já afirmado na primeira oportunidade em que esta Casa se reuniu para constituir os seus órgãos diretivos.

Venho a esta tribuna com redobrado ânimo, pois  a circunstância de ser um entre trinta e três não me desencoraja; muito antes pelo contrário, aumenta minha responsabilidade à medida que, sendo o único liberal com assento nesta Casa, tenho redobrada a responsabilidade de representar a minha posição, a posição do meu partido, a posição da corrente doutrinária a que me filio.

Em verdade, a discussão sobre esses temas relevantes que dizem respeito aos rumos do nosso País certamente haverá de tomar grande parte da atenção dos integrantes desta Casa. Não será, entretanto, a crença e a convicção de que esses assuntos são efetivamente importantes  e que devem merecer a nossa atenção que irão nos impedir de acompanhar, de perto, o primeiro ano de implantação do SUS, agora sob o comando de um colega nosso, o ilustre Vereador Henrique Fontana, Secretário Municipal de Saúde. Tampouco ficaremos desatentos às coisas que dizem respeito à prioridade da educação, quando precisamos acompanhar, até mesmo, o aumento da oferta de vagas nas escolas públicas do Município, aumento esse precedido de decisões desta Casa, que autorizou o Executivo Municipal a contratar cerca de 200 novos professores para garantir a implementação de novas oportunidades e alternativas de ensino para a nossa infância e para a nossa adolescência. Não será por descuido nosso, tenho certeza, que a prioridade pela habitação, declarada, com todas as letras, pelo anterior chefe do Executivo Municipal ao nos entregar o programa de ação deste ano, deixará de ser cumprida, como, de resto, os problemas viários que se agudizam e que, muitas vezes, se tornam crônicos. As coisas que dizem respeito ao saneamento, ao trânsito, ao turismo, à recreação, ao cotidiano de Porto Alegre não deixarão de ser cuidadas com responsabilidade igual, apesar das posições divergentes de cada um de nós. Eu, pessoalmente, ainda consigo - já me alongando na idade - continuar sendo um homem que acredita nas coisas em que pensa, nas idéias que defende e na capacidade de entendimento que deve reunir posições divergentes em ações convergentes para o interesse público, da sociedade e, no nosso caso, no interesse da Cidade de Porto Alegre. É o compromisso que reafirmo, neste momento em que, até com justificado orgulho, pela quarta vez, inicio uma Legislatura nesta histórica Câmara Municipal de Vereadores, que, neste ano, confirma 50 anos de atuação contínua em favor de Porto Alegre e de sua gente. Que Deus ilumine a todos nós para que possamos, na medida das nossas forças e de acordo com as nossas convicções, bem servir ao povo que para cá nos encaminhou. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra pelo PDT.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente desta Câmara, Ver. Clovis Ilgenfritz; Sr. Prefeito Municipal; Sr. Vice-Prefeito Municipal; Srs. Secretários de Município; Sras. Secretárias; Srs. Vereadores desta nova Legislatura que hoje se inicia efetivamente; Senhores que nos honram, aqui, com suas presenças - lideranças comunitárias, assessores; povo em geral que lota este Plenário no ato inicial desta Legislatura. Nos dias negros do regime autoritário, sonhávamos com este pluralismo democrático, com esta vitalidade de correntes que, através dos partidos, manifestam a sua vontade, numa constelação de representatividade da soberania e da representatividade popular. Também seria mister ressaltar que a presença formal do Prefeito e do Vice-Prefeito neste ano de início de uma nova Legislatura e de uma Sessão Legislativa, a presença dos Secretários, dos assessores da municipalidade dão a este Poder uma conotação especial, mas não signifique isso que, embora maioria, o partido que, pela terceira vez, assume os destinos da Cidade de Porto Alegre seja - nem poderia ser - unanimidade. A maioria eventual que assumiu esse partido, embora expressiva, não significa que aqui nesta Casa vá reinar o ambiente do "sim, Senhor".

Queremos dizer, nós da Bancada do PDT, através dos Vereadores Isaac Ainhorn, Elói Guimarães, Pedro Ruas e este que vos fala, que acompanharemos, como sempre, a importância dos destinos que os projetos aqui advindos significam para a prosperidade da Cidade, para o desenvolvimento da Cidade. Neste momento, recém saídos das folias de Momo, Porto Alegre se insere, sem dúvida, entre as capitais brasileiras. Que, pelo fato de possuir um carnaval que vem se acentuando como forte representativo das classes populares, vem emanando, através da mídia e de lideranças  responsáveis, a necessidade de um sambódromo. E nós temos, sim, que responder a esse anseio popular, mas responder dentro dos parâmetros convenientes ao desejo popular, responder dentro dos parâmetros convenientes ao desenvolvimento da estrutura conjuntural de toda a Cidade, vendo, estudando onde melhor se posicionaria a sua construção. Então a Câmara responderá aos anseios da comunidade, mas não responderá "sim" apenas ao desejo do Executivo. Fizemos, aqui, um acordo administrativo para reger os destinos desta Casa através de um ambiente arejado e democrático, mas isso não significa, de parte da Bancada do PDT, absolutamente, atrelamento a projetos do Executivo. Quero que fique bem claro isto. Como, de resto, na legislatura que se encerrou, foi esta a postura da Bancada. Mas não se fará aqui oposição sistemática, feroz, intransigente à cidade de Porto Alegre, porque o partido que está governando pela terceira vez, certamente, obteve o consenso da Cidade para assumir, mais uma vez, a liderança da Cidade, através de sua ação político-administrativa. Isto não significa que este partido faça tudo correto, tudo certo. Acho que tem que ter uma Câmara atenta, uma Câmara fiscalizadora, porque este é o processo democrático, este é o mecanismo de conveniência da Cidade. Portanto, ficamos satisfeitos e honrados que este processo se inicie hoje.

Saudamos formalmente o Prefeito que hoje, definitivamente, assume os destinos da Cidade com o funcionamento desta Câmara; o Sr. Vice-Prefeito; todos aqueles que assumem as Secretarias e Assessorias. Em especial, eu gostaria de dizer, sem nenhuma conotação maior ou menor aos demais Secretários, aos nossos colegas que estão no Secretariado - o ilustre Ver. Henrique Fontana e o ilustre Ver. João Verle -, colegas que estiveram aqui e que souberam representar a Cidade de Porto Alegre, que espero que no Executivo continuem assim.

De resto, a todos nós, que Deus nos ilumine para que nesta Legislatura, nestes quatro anos, possamos saber qual é realmente a vontade da Cidade de Porto Alegre e que sigamos a vontade deste povo que nos deu esta responsabilidade e estas magníficas atribuições. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra à Verª Clênia Maranhão, queremos anunciar a presença do Ver. Alcindo Kempfdr, de Horizontina, do Partido dos Trabalhadores. Queremos dizer, que é com muita satisfação que recebemos também, nesta Casa, lideranças comunitárias, do Orçamento Participativo, lideranças  sindicais.

Também se encontram presentes Diretorias, quadro funcional da Casa, Procuradoria, todos os nossos organismos.

A Verª Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  Exmo. Sr. Prefeito, Exmo. Sr. Vice-Prefeito, Srs. Secretários presentes, autoridades políticas, que nos acompanham nesta data importante do Legislativo de Porto Alegre, quando se inicia mais uma legislatura dos representantes do Parlamento do nosso Município. Eu queria, nesta oportunidade, em nome da Bancada do PMDB, resgatar algumas questões que preocupam os políticos que têm a  responsabilidade da construção de um mundo melhor para todos, pois somos políticos de uma etapa da história em que as mudanças dos últimos tempos não  puderam ser previstas na totalidade por nenhuma análise política, nem mesmo as mais perfeccionistas. É uma etapa do desenvolvimento tecnológico, que pôs por terra consignas tão antigas. Se, por um lado, as mudanças deste final de século são, muitas delas, marca da esperança de uma nova sociedade almejada pelos que querem a paz da humanidade - como, por exemplo, a aproximação dos povos árabes, as discussões e proximidade dos árabes e judeus, que se expressa na liberação dos prisioneiros e da brasileira Lâmia -, por outro lado, na América Latina, assim como na Europa, crescem conflitos que há pouco tempo julgávamos superados. Se a frase "liberdade e democracia" latino-americana vive, hoje, como há pouco tempo, conflitos de democracia, como no Peru e as ameaças no Equador, as inseguranças do centro da América, nós devemos saber que somos políticos desta etapa da história. E, como políticos brasileiros, temos a responsabilidade de um País tão poderoso diante do planeta, não pela sua expressão política, mas por sua potencialidade; temos a necessidade de vivenciar toda essa preocupação; como políticos e brasileiros que somos, temos que pensar sempre que somos também cidadãos muito comprometidos com a busca de soluções para a superação das crises históricas que têm marcado a vida da maioria da população por gerações sucessivas no Brasil. O  político de hoje deve ter uma compreensão da sua responsabilidade de cidadania e de compromisso com aqueles que o elegeram. O Vereador tem essa dupla responsabilidade: a participação nas questões globais, compromisso nas questões nacionais e compromisso muito sério com a solução dos problemas cotidianos daqueles que são cidadãos do seu município.

Em nome da minha Bancada, quero dizer, nesta tarde, que o compromisso que reafirmamos é com a população de Porto Alegre, porque é essa a responsabilidade que temos, principalmente quando Porto Alegre retoma, nesta etapa da sua história, a discussão de um Plano Diretor que vai reger os caminhos da Cidade neste final de século e início de um novo século, quando tantas mudanças acontecem nas estruturas urbanas.

Considero importante a representação expressiva do Executivo na nossa Câmara, porque isso é sintoma de uma compreensão que hoje começa a ficar clara para o conjunto dos partidos, de que devemos manter a nossa identidade partidária, devemos manter as bandeiras que regeram a nossa história, mas devemos colocar sempre os  interesses do povo acima de qualquer interesse particular, de qualquer sigla ou instituição. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero registrar a presença do Embaixador da Prefeitura, nesta Casa, o jornalista sempre querido Adaucto Vasconcellos.

O Ver. Carlos Garcia, do Partido Socialista Brasileiro, está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Exmo. Sr. Presidente, nobre Secretário, DD. Prefeito e Vice-Prefeito, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Secretários e Secretárias do Município, demais lideranças comunitárias e população em geral, ao abrirmos a 1ª  Sessão Ordinária da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da XII Legislatura, venho, de pronto, saudar a todos, colocando o desejo de um bom mandato a cada um dos parlamentares aqui presentes, e que o Executivo consiga, ao longo desses quatro anos, desempenhar as suas funções da melhor maneira possível.

É a primeira vez que estamos ocupando a tribuna. Verificamos que o Vereador tem algumas missões. A primeira é de fiscalizar as atividades do Executivo, e estaremos fiscalizando constantemente essa ação, porque foi uma das missões que o povo nos confiou.

Temos também a missão de legislar, propondo e votando leis e emendas. Mas temos, acima de tudo, a missão de defender as idéias e os princípios que compõem o nosso pensamento político, do nosso partido e daqueles que nos elegeram. Ao longo dos próximos quatro anos, o Partido Socialista Brasileiro irá procurar desenvolver sua missão, buscando uma sociedade mais justa, fraterna e liberta. Parabéns e sucesso a todos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Registro a presença do Ver. Wainer Machado, da Bancada do PT de Livramento.

Nós, no momento anterior, apresentamos os nossos diretores, procuradora, a imprensa; agora apresentaremos todos os membros do Governo que estão aqui: Diretor-Geral, Adalberto Heck; a Diretora Legislativa, Inês Haffner; Diretor de Patrimônio, Dr. Luiz Afonso Melo; A Dra. Sônia Vaz Pinto, Diretora Administrativa, no momento está em férias; Procuradora-Geral, Dra. Marion Alimena.

O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: (Saúda os componentes da Mesa.) O início de um ano legislativo sempre é importante, mas este é particularmente importante na medida em que estamos não só iniciando um ano legislativo, mas uma nova legislatura. Uma legislatura  num momento difícil, complexo e delicado no nosso País, no nosso Estado e - por que não - no nosso Município.

Sabemos das mazelas, das dificuldades e da luta que os trabalhadores e todos os segmentos sociais têm feito para apresentar as suas reivindicações e lutar por um mundo melhor e lutar contra as políticas que têm não só diminuído os pólos de trabalhos, como também levado do campo para a cidade milhares e milhares de pessoas que, nessa mesma cidade, não encontram emprego; um ciclo de miséria, fantasticamente grande, que tem vitimado milhões e milhões de pessoas no País inteiro.

É nesse contexto que nós devemos cumprir nossas obrigações de legisladores, de Vereadores da Cidade de Porto Alegre, Capital do nosso Estado. Para se realizar essa obrigação, ela precisa, obrigatoriamente, fazer as conexões da política local com as políticas estadual e federal. Sem isso, não é possível fazer política em qualquer lugar, em qualquer cidade, em qualquer sindicato, em qualquer escola, porque, obrigatoriamente, as coisas estão ligadas e nos interessa que em Porto Alegre também façamos essas conexões, porque, pela terceira vez, de forma democrática, uma administração e uma frente de partidos populares, que não governa nem o Estado nem o País, governa a Cidade de Porto Alegre. É preciso, portanto, que nós façamos esse debate político para que, ao disputar projetos, ao afirmar e contrariar posições, possamos apresentar melhores alternativas para a sociedade gaúcha, para a sociedade porto-alegrense e - por que não - para o País.

Quero também me referir ao signo que  marca este início de legislatura, que é o signo de um acordo administrativo que reuniu grande parte dos partidos aqui representados, mas que, independente de não conter 100% dos Vereadores e dos partidos, desde o início se comprometeu com uma representação plural e uma representação proporcional, tanto na direção das Comissões, como na Direção da Mesa dos trabalhos. E mais: quero dizer que esse é um compromisso do Partido dos Trabalhadores, de lutar para que essa questão não fique episódica a um ou outro acordo, mas que ela seja escrita no Regimento da Casa para que, independente da vontade do acordo de maioria que se estabelecer daqui para a frente, nós tenhamos assegurada que a direção da Casa e as suas Comissões sejam de responsabilidade do conjunto daqueles democraticamente eleitos pela nossa Cidade. Me parece que esse é um gesto e um ato importante, na medida em que a direção de uma Casa Legislativa não  pode ficar subordinada aos acordos episódicos que ora unem uns partidos, ora outros. A responsabilidade da execução desses feitos é do conjunto daqueles que a sociedade delegou para que gerenciassem a Casa. Quero também dizer que a Bancada do Partido dos Trabalhadores, eleita com um número significativo de Vereadores... nós sabemos das nossas responsabilidades. No entanto, sabemos também que o nosso compromisso não é o de impor maiorias, e, sim, o de debater e construir opiniões. Nós queremos que isso seja feito num diálogo permanente entre as várias bancadas, entre os vários vereadores, para que o resultado disso seja a melhor proposta para a Cidade de Porto Alegre. Evidente que esse debate, a busca do acordo, a busca incessante da unidade não pode, sob nenhuma hipótese, porque a Casa assim não deseja, dividir ou passar por cima das diferenças; no entanto, deve buscar que essas diferenças nunca sejam maiores do que o interesse da Cidade. Esse é o nosso objetivo e o nosso compromisso ao iniciar esse ano legislativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Srs. Vereadores,  registramos também a presença do Sr. Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre, Paulo Ferreira.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, caros companheiros Raul Pont e José Fortunati, Prefeito e Vice-Prefeito, Secretário Paulo Brum, Secretários Municipais, Senhoras e Senhores. Superado um pequeno acidente eleitoral, estou novamente nesta Casa para continuar um trabalho de quase 33 anos. Tenho consciência do papel que posso e devo representar nesta Legislatura que hoje se inicia. Temos pela frente graves problemas a resolver. Já foi referido que teremos, particularmente, nesta Legislatura, a exemplo de uma legislatura anterior, a 10ª , que elaborou a Lei Orgânica, uma tarefa importantíssima, que é a da revisão do nosso Plano Diretor. É quase uma segunda Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, e esta é a tarefa que nós teremos que enfrentar já nos próximos dias.

O meu Partido, o PPS, sucessor do PCB, é o mais antigo parceiro do PT na Frente Popular. E tenho, nesta Casa, a obrigação de dar sustentação e continuidade ao Governo da Frente Popular como uma alternativa administrativa, política, social e econômica para aquilo que nós estamos verificando em nível nacional e em nível estadual.

Os três Governos da Frente Popular, em Porto Alegre, hão de mostrar à sociedade Rio-Grandense e brasileira o que pode e deve ser feito em termos de administração popular para que a sociedade tenha uma referência diferente daquela que sempre teve ao longo de toda a nossa história com relação aos governos conservadores.

É nesta direção que pretendo exercer o meu mandato. Não numa subserviência natural a quem está administrando a cidade, mas numa contribuição natural a quem administra a cidade em parceria com os companheiros desta Casa. Teremos que exercer, aqui, a plena cidadania, também, aquela que nós recomendamos para toda a sociedade. Nos respeitarmos mutuamente, entendermos as posições de cada um e fazer disso aqui uma casa de discussão coletiva.

Queremos que esta Legislatura, a 12ª  da história de Porto Alegre - e nós teremos, ainda, no final deste ano, a comemoração dos 50 anos de atividades ininterruptas desta Casa, no período de redemocratização do País -, seja um marco fundamental para o exercício da cidadania porto-alegrense. Temos muitas coisas a fazer! E quero dizer que a Casa Legislativa é, sim, para fazer leis. Na divisão clássica de Montesquieu, o Legislativo é para fazer as leis, também para fiscalizá-las; mas a sua finalidade principal é fazer as leis. O Executivo cumpre as leis e o Judiciário julga esse cumprimento. Nós temos que fazer leis. A revisão do Plano Diretor é uma nova lei que se vai impor à Cidade, é responsabilidade do Legislativo, não é do Executivo,  e não é do Judiciário. Por isso a função do Legislativo é fazer leis e também fiscalizá-las, mas não invertamos os papéis.

Como membro da Frente Popular, quero reiterar aqui o meu compromisso de dar sustentação política ao governo que está se iniciando. Contem os companheiros, Secretários, Prefeito, Vice e toda Administração com a nossa compreensão e com a perspectiva de que cheguemos ao final desta Administração conseguindo ter mostrado à população do que são capazes os administradores que ora começam este mandato. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passo a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt, pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes) Saúdo especialmente, através de dois Secretários, os demais Secretários, a Secretária Margareth Moraes, porque vem da nossa área da cultura, e o Secretário Cézar Alvarez, da Secretaria da Administração. Tinha imaginado inicialmente que ouviríamos o Prefeito e depois nos manifestaríamos. Parece que se  inverteu a ordem. Em primeiro lugar, quero fazer alguns registros rápidos, os quais gostaria de deixar nos Anais da Casa.

Foi a Bancada do PSDB a que, nesta Casa, teve o maior crescimento proporcional. Saímos da última eleição de nenhum Vereador eleito pelo PSDB e chegamos, agora, à composição de três Vereadores: Cláudio Sebenelo, Anamaria Negroni e este Vereador.

O PSDB, em nível nacional, na última eleição de outubro, teve o maior crescimento proporcional em cidades de médio e grande porte, saindo de cerca de quinhentas para novecentas e poucas Prefeituras. Queria lembrar, sobretudo, que, em três cidades de médio e grande porte onde o PSDB já é Prefeitura, mantivemos a administração, da mesma forma que em Porto Alegre manteve a Administração Popular a sua presença: Campo Mourão, hoje uma das principais cidades do Estado do Paraná, Vitória e  Campinas. São três referências em três diferentes Estados de experiências que estão muito próximas daquelas que são defendidas pela Administração Popular.

Sr. Prefeito, o registro que quero fazer é não diminuir aquilo que tem sido feito ao longo dessas duas administrações e o que certamente será feito por V.Exa. e sua equipe, mas mostrar que, de toda maneira, não há monopólios: há idéias básicas que são fundamentais na evolução da democracia brasileira e que alguns partidos assumem. Já foram assumidas por algumas administrações do PMDB, por várias administrações do PDT e de outros demais partidos. É importante, portanto, que a gente saiba reconhecer e destacar o que é feito de concreto em cada área, e não se pense que só nós somos os donos da verdade, os únicos grandes realizadores de coisas.

Acho que Porto Alegre tem tido uma experiência extremamente importante, mas gostaria de deixar registrado aqui - até porque será bom comparar, confrontar, em algum momento, e aproximar as experiências - que Vitória, por exemplo, tem tido essa experência com a dupla administração do PSDB. Lá, numa comparação muito curiosa, porque temos um ex-prefeito petista, hoje governador, com dois Prefeitos do PSDB e candidato a governador na próxima eleição. Esse tipo de discussão, que é político-partidária - e se gosta de falar de modelos -, o Ver. Gerson Almeida colocou no âmbito nacional. Por isso trago esses dados para que se possa realmente fazer esse debate sem nenhum problema.

Em segundo lugar, registro algumas preocupações sobre este ano. Uma já foi levantada pelo Vereador João Dib: a questão do relacionamento com o funcionalismo público municipal. Temos recebido, especificamente, algumas situações do DMAE, que têm me preocupado, sobretudo em relação à farmácia e chefia; vamos tentar discutir com o Dr. Dieter Wartchow nos próximos dias. Preocupa-me  o problema da assistência social de um modo geral, e tenho certeza de que o Vereador, e hoje Diretor-Geral do DEMHAB, João Verle vai assumir uma função fundamental para a Cidade de Porto Alegre. Por ocasião da visita que fiz àquele Departamento, já dizia da minha expectativa e do apoio que queremos, na medida do possível, passar ao Diretor João Verle.

A área da saúde, que é uma área sempre tão complicada de ser administrada, está a cargo do nosso companheiro Henrique Fontana.

Gostaria de falar sobre o Plano Diretor. A Câmara produziu, no final do ano passado, um documento específico, resultado de um trabalho de assessoria de todos os partidos políticos, inclusive com assessoria técnica de companheiros do PT, assessorando cada bancada. O documento me parece extremamente importante no sentido de chamar a atenção do Executivo sobre os equívocos da proposta que o Plano Diretor traz a Porto Alegre. Seria interessante que o Sr. Prefeito Municipal e a sua equipe não conversassem só com Secretários ou só com chefias, mas conversassem com funcionários, por exemplo, da SMAM, que não tiveram nem tempo nem espaço de colocar as suas posições, ou órgãos como  a IAB e outras instituições, para avaliarem aquilo que está sendo proposto no Plano Diretor.

Fui dos que resistiu e brigou, para valer, nesta Casa, junto com outros como o Vereador Lauro Hagemann, que está aqui, nas propostas de 86. Não tenho dúvida em dizer que o que está se propondo, hoje, para Porto Alegre é muito pior e muito mais grave como conseqüências para o futuro da Cidade. Quem diz isso não sou eu, são técnicos, inclusive do Partido dos Trabalhadores, que integraram a equipe de assessoria desta Casa. Na medida em que o Prefeito nos dá o prazer desta visita e nos dá a possibilidade de iniciarmos esta discussão, anunciando que vai ser desarquivado o processo, que vai retomar a tramitação na Casa, pois, na verdade, vamos começar tudo de novo, o que esta Casa considera, sobretudo a Mesa Diretora, o Presidente Clovis Ilgenfritz, um ritual específico de análise do Plano Diretor... O Plano Diretor corresponde, para a Cidade de Porto Alegre, do ponto de vista do seu planejamento e da sua organização, ao que é a Lei Orgânica do Município do ponto-de-vista da sua institucionalização. Então, temos que ter um ritual diferente e não essa fragmentação eventual da tramitação do Projeto na Casa por comissões, impedindo um debate mais sério.

Eu concluo, Sr. Presidente, mas V.Exa., que é também arquiteto e que comigo também dividiu o espaço dessas discussões, sabe que esse é o tema mais importante que esta Casa terá no decorrer deste ano. Eu não serei e não quero ser omisso, de maneira nenhuma, neste dia, em dizer - com franqueza, com objetividade, com respeito ao Sr. Prefeito Raul Pont, ao Vice-Prefeito Fortunatti, com aquela responsabilidade de  14 anos de Casa, de debates sobre este Projeto em várias ocasiões - e sobretudo da preocupação que nós temos de que os nossos filhos, os nossos netos vão viver numa Cidade que será, ou não, profunda e definitivamente prejudicada, dependendo da aprovação, nos termos em que se encontra, deste Projeto de Lei.

É essa, Sr. Presidente, sobretudo, a minha preocupação, o meu discurso neste momento. Acho que os outros projetos são do cotidiano da Casa, do dia-a-dia, e vão ser discutidos. Mas nós vamos decidir, aqui, o futuro da Casa, o futuro da Cidade e o futuro, quem sabe, inclusive, de uma próxima administração, que vai ser responsabilizada ou não pelo bom futuro desta Cidade.

A minha saudação ao Prefeito. Já disse a ele pessoalmente: oposição se faz com respeito, com negociação. O PSDB estará sempre preparado, Prefeito Raul Pont, para negociar e discutir; não vai estar preparado, evidentemente, para ser cooptado, mas estará sempre disponível para atender ao chamado de V.Exa. e discutir as coisas da Cidade de Porto Alegre. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Após a palavra do Ver. Paulo Brum, última Bancada inscrita, que fala pelo PTB, teremos a palavra do Sr. Prefeito e, logo a seguir, um ato no Grande Expediente ao qual, desde já, todos estão convidados a permanecer, em homenagem à Luta em Defesa do Patrimônio Público  e da Soberania Nacional.

Com a palavra o Ver. Paulo Brum, que falará em nome do Partido Trabalhista Brasileiro.

 

O SR. PAULO BRUM: Como a nossa Câmara não está preparada, ainda, Sr. Presidente, vou fazer da Mesa Diretora a tribuna. Presidente Clovis Ilgenfritz, Exmo. Prefeito Raul Pont, Sr. Vice-Prefeito José Fortunati, Srs. Secretários Municipais, Srs. Vereadores, Srs. Diretores de autarquias, Lideranças comunitárias, senhores visitantes. Em nome da minha Bancada, o Partido Trabalhista Brasileiro, que se faz representar nesta Casa pela Ver.ª Sônia Santos, Ver.ª Teresa Franco, Ver. Eliseu Sabino e pelo nosso Líder, Ver. Luiz Braz, que, neste momento, não pode aqui  estar presente, nossas saudações aos Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras que compõem a  XII Legislatura. Queremos registrar a nossa satisfação de ver, na tarde de hoje,  praticamente reunido todo o nosso Poder Executivo Municipal, na presença da sua estrela maior, Sr. Prefeito, Sr. Vice-Prefeito e Srs. Secretários. Queremos dizer que o Partido Trabalhista Brasileiro está comprometido, sim, comprometido com os ideais da sociedade porto-alegrense. Não estamos nesta Casa apenas para fazer oposição; estamos, sim, na condição maior de bem representar os anseios da nossa população. Sr. Prefeito, leve com certeza esta nossa mensagem: não faremos oposição por oposição. Pode estar certo de que àqueles projetos de maior interesse da nossa população, com certeza, o PTB ali estará dando o seu aval.

Queremos também deixar registrado que não seremos os bonzinhos da situação. Naquelas questões que, com certeza, não forem do interesse maior da sociedade, o PTB estará lá, também, para dizer o que deve ser feito. Por isso queremos deixar registrado, amigo José Fortunati, nosso Secretário, que longas experiências traz a esta Casa: estaremos atentos, e podem contar conosco naquilo que for melhor para a nossa Porto Alegre. Srs. Vereadores, as nossas saudações com a certeza de que, com a graça de Deus, faremos o melhor para Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Temos a honra e a satisfação de passar a palavra ao Exmo. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Raul Pont, que fala como nosso convidado.

 

O SR. RAUL PONT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, membros da Mesa e demais presentes. Foi com muita satisfação que recebemos o convite do Presidente desta Casa para estarmos presentes à abertura dos trabalhos da XII Legislatura, pois a nossa presença representa toda a consideração e o respeito que temos ao Poder Legislativo. Achamos que, como vários parlamentares aqui declinaram, temos que ter uma defesa intransigente e vigorosa do Poder Legislativo, porque,  como foi dito, aqui se expressam todas as opiniões majoritárias e minoritárias da opinião pública. E o resguardo e o respeito ao Poder Legislativo é exatamente a preliminar da defesa da democracia. Nós esperamos, inclusive, que este compromisso, que é de todos nós, praticado profundamente aqui em Porto Alegre, a nossa Cidade, possa servir de exemplo para iluminar também os parlamentares dos nossos partidos para que lutem com o mesmo afinco, com o mesmo vigor, com a mesma vontade pela preservação do papel do Legislativo em nível de Estado, da União, já que, infelizmente, nós nem sempre temos este mesmo respeito, principalmente a nível Federal. Sofremos hoje um Estado quase imperial onde o papel das medidas provisórias fez do Poder Legislativo Nacional um poder subalterno, um Poder que não exerce plenamente a sua função legislativa. Considero que esta luta é uma luta de todos nós, independente de sermos parlamentares ou mandatários de Poder Executivo; todos nós, como militantes partidários, como lideranças políticas, temos que fazer desta defesa uma das questões centrais da nossa luta pela democracia no País.

A presença dos nossos Secretários e Diretores de órgãos significa também, além do respeito e da  consideração, a cordialidade e as relações rápidas que queremos estabelecer com o Poder Legislativo. Já ao longo dos  nossos dois mandatos, procuramos sempre estabelecer relações diretas, relações simplificadas, para que os parlamentares tivessem sempre a possibilidade de ter todas as informações, dados e números necessários para a realização do seu mandato. Nós gostaríamos também de dizer aos Srs. Vereadores que nós queremos a participação desta Casa no debate de projetos importantes que, como aqui já foi dito, são projetos não do Executivo, mas são projetos que interessam à Cidade. É o debate, é a discussão: a democracia é dissenso, a democracia é conflito, a democracia é consenso; a democracia é exatamente o processo do debate e do dissenso permanente, constante; portanto não há nenhum temor à crítica, nenhum temor à denúncia, nenhum temor à fiscalização. Todos nós temos a perfeita consciência de que esses papéis do legislador, do fiscalizador, que competem ao Parlamento Municipal, terão sempre, de nossa parte, o maior respeito, porque, além  da nossa concepção democrática de vida, já também exercemos o parlamento na Assembléia Legislativa, no Congresso Nacional, brigando para que esse direito fosse pleno e sempre estivesse a serviço da democracia.

Nós gostaríamos de reafirmar aqui o nosso compromisso em fazer com que a XII Legislatura tenha o grande compromisso, o grande papel de dotar esta Cidade de um novo Plano Diretor. Nós entendemos que a elaboração deste Plano passou por um profundo debate durante dois anos, que envolveu sindicatos, entidades associativas, especialistas, o nosso Governo como um todo, mas, mesmo assim, isto não significa que o Projeto não tenha a possibilidade de equívocos, erros aos quais estaremos abertos para que o debate nesta Casa faça aflorar novos acertos e menores problemas para os nossos cidadãos.

Nós queremos também trazer, já como informação aos nobres Vereadores, que, nesta 1ª Sessão Legislativa, neste ano, estaremos enviando a esta Casa o novo modelo de gestão do transporte coletivo, principalmente pelo fato de estarmos agora diante do fim da prorrogação dos prazos estabelecidos anteriormente por legislação federal.

Nós também queremos ter o apoio dos nobres Vereadores para que possamos fortalecer o turismo em nossa Cidade,  fazer com que o turismo tenha um papel importante na nossa Administração, que tenha um vínculo com todas as secretarias, que tenha um papel de visibilidade e que tenha, principalmente, recursos com destinação para esta finalidade, e temos certeza que isso também será bem apreciado no momento em que para cá remetermos este Projeto de Lei. Queremos reafirmar os  nossos compromissos, já aqui anunciados e cobrados por alguns Vereadores, sobre a Pista de Eventos desta Cidade. Nós sabemos que, neste momento, o impasse não depende nem do Executivo, nem do Legislativo: exigências jurídicas foram colocadas diante do processo que se desenvolvia no ano passado aqui. Nós não iremos descansar sem que busquemos atender a esta reivindicação que é importantíssima para um grande segmento da nossa comunidade, e a prova disso foi, mais uma vez, visível a todos que participaram das alegrias e dos momentos de beleza do nosso carnaval nas últimas semanas.

Nós queremos, por fim, Srs. Vereadores, independente de outros projetos que vamos encaminhar, chamar a atenção para esses elementos, e registrar, também, que o debate sobre o Plano de Carreira dos nossos funcionários foi cumprido em sua primeira etapa: encaminhamo-lo ao Sindicato, que assumiu, num primeiro momento, uma postura contrária. Era um compromisso nosso remeter o Projeto, antes da vinda ao Poder Legislativo, ao Sindicato, mas esse processo não vem tendo nem o ritmo, nem a rapidez que nós gostaríamos que tivesse. Portanto, assim que ultimarmos o processo de debate, de discussão sobre esse tema, nós estaremos em condições de trazer para esta Casa, também, o Plano de Carreira, que foi, por sinal, pelo nosso governo, em seu segundo mandato, longa e profundamente discutido, com o apoio técnico, inclusive, de uma consultoria externa à Prefeitura para esses trabalhos.

Nós queremos, mais uma vez, agradecer o convite e reafirmar o mesmo desejo aqui expressado, de respeito, de relação fraterna entre os nossos poderes. Por parte do Executivo, os Senhores terão essas mesmas considerações. Muito obrigado, boa tarde. (Palmas)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós gostaríamos de informar aos Srs. Vereadores que a nossa Assessoria Legislativa estará distribuindo aos Senhores cópia do Orçamento de 1997 já com as Emendas feitas pelos Srs. Vereadores na discussão e aprovação do  Projeto nesta Casa. Também, por solicitação de alguns Vereadores, estaremos distribuindo uma cópia do discurso de posse deste Presidente, em que constam alguns itens que nós consideramos preliminares para o projeto de trabalho na Câmara durante 97. Queria dizer ao ilustre Prefeito e companheiro de muitos e muitos anos de luta sindical, comunitária e partidária, Raul Pont, e ao ilustre companheiro, da mesma forma, de muitas lutas, José Fortunati, e a todos os membros e componentes do Governo Executivo Municipal que aqui se encontram que me sinto, mais uma vez, extremamente honrado e orgulhoso por estar presidindo a Sessão neste momento, com a participação tão honrosa destas autoridades municipais. Eu não vou usar o meu tempo de Presidente, que estava previsto, porque este foi um momento político, e a política foi expressa pelos líderes de Bancada que aqui usaram a palavra. Por isso dou por encerrado este momento da Sessão, suspendendo-a para as despedidas. Em seguida retornaremos à Sessão para recompormos os trabalhos em função do evento que se seguirá no Grande Expediente. Estão suspensos os trabalhos por alguns minutos, embora todos estejam convidados a permanecer.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h32min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h41min): Estão reabertos os trabalhos.

 

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Informamos que não consta matéria para votação, nem requerimento para a Ordem do Dia.

 

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Esta chamada feita pelo Sr. Secretário - gostaria de um esclarecimento - correspondeu à chamada para a Ordem do Dia? V.Exa. informou que não há matéria a ser examinada neste momento; portanto V.Exa., de imediato, está encerrando a Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: É isso que está acontecendo. V.Exa., com sua experiência, me ajude a esclarecer.

 

O SR. JOÃO DIB(Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Ata do dia 1º de janeiro já foi votada?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós a colocaremos em votação imediatamente, pois não foi votada.  Assim sendo, vamos  aceitar a Questão como encaminhamento do Vereador e colocamos a Ata da 1ª Sessão Legislativa Ordinária em votação.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, quero colocar algumas dúvidas quanto à Ata. Na página 5: "... a seguir, tendo em vista a comunicação de investidura..."

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V.Exa. acatou a Questão de Ordem formulada pelo nobre Vereador João Dib e colocou a Ata em votação. Imediatamente, o Ver. João Dib questiona pontos da Ata. Eu gostaria de um esclarecimento de V.Exa. e da Diretoria Legislativa para saber se esses questionamentos são feitos como encaminhamento, porque a Ata envolve uma votação. Ou isso será feito através de destaque e retificação e posterior votação?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós entendemos que o Ver. João Dib, como qualquer outro Vereador, poderia ter uma dúvida sobre a Ata, e ele a está esclarecendo a título de requerimento, para retificação, o que está sendo aceito, neste momento, pela Mesa, que aguarda que seja feita a retificação.

 

O SR. JOÃO DIB: O Ver. Isaac Ainhorn não é mais Presidente, mas continua tentando me incomodar por todos os meios. É rotina da Casa retificar as Atas. Acontece que alguns Vereadores nem as lêem, mas eu leio: "...tendo em vista a publicação de investidura dos Vereadores Henrique Fontana e João Verle em cargos do Executivo Municipal, o Sr. Presidente declarou empossados na vereança os suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini, após a entrega dos diplomas e declarações de bens". Isso aconteceu. "...e a prestação de compromisso legal por S.Exas." Também aconteceu. "... informando que os mesmos integrarão respectivamente a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação e a Comissão de Constituição e Justiça e também a suplência da Comissão Representativa". Isso não aconteceu.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos solicitar ao Ver. João Dib a formulação dessa Questão de Ordem, que já consta das notas taquigráficas. Vamos conferir a Ata com as notas taquigráficas do dia da Sessão e depois voltaremos para discutir o que há e que tipo de modificação poderá existir.

Pela ordem, a palavra está com a Verª Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Gostaria que se desse o encaminhamento para passarmos ao Grande Expediente, na medida em que temos convidados e que, em seguida, esse Plenário poderá analisar as questões trazidas pelo Ver. João Dib acerca da Ata.

 

O SR. PRESIDENTE: O assunto já  foi resolvido, e está sendo encaminhado o processo para o Grande Expediente.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, diz a Constituição que, após a diplomação, o Vereador fica impedido de assumir trabalhos em uma autarquia, sob pena de perder o seu mandato. Eu pergunto a V.Exa. se isso está  na Constituição e como é que fica a situação do Ver. João Verle, que assumiu a Diretoria do DEMHAB. Já que esse caso interessa a esta Casa como um todo, eu gostaria que V.Exa. pudesse fornecer, com base na Diretoria Legislativa da Casa, a conseqüência deste ato.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. será esclarecido no tempo oportuno. Nós consideramos que é um Requerimento, consta das notas taquigráficas, e nós vamos solicitar á Diretoria Legislativa que assim proceda, quando for possível.

Convidamos o ilustre Vice-Prefeito e Secretário de Governo do Município, José Fortunati, para participar da Mesa, porque estamos dando início ao Grande Expediente, que  hoje é destinado a homenagear a luta em defesa do patrimônio público e da soberania nacional, nos termos do Requerimento n. 006/97, de autoria da Verª Maria do Rosário, Processo n. 0111/97.

Convidamos para participar da Mesa o Exmo. Sr. Representante do Comando Militar do Sul, Cel. José Airton Mendonça, o Exmo. Sr. Representante do Comando-Geral da Brigada Militar, Major Flávio Amorin, o Sr. Alcindo Kempfdr, membro do Fórum da Defesa das Estatais e da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, que representa aqui os setores sindicais. Temos ainda a presença do ilustre 1º Secretário da Câmara, Ver. Paulo Brum.

Nós, no decorrer da cerimônia, estaremos divulgando a presença de personalidades de várias representações que estão presentes aqui.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Diz respeito à questão levantada pelo Ver. João Dib, com relação a Ata do dia 1º de janeiro de 1997. Pedimos também oportunidade para fazermos as modificações que entendemos corretas.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicitamos que o Vereador formule essas questões por escrito para que a nossa Assessoria possa fazer constar da próxima reunião onde discutiremos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, apenas para colaborar com a Mesa, eu gostaria de registrar a presença do Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Sr. César Pureza, e gostaria que a Mesa tomasse as providências protocolares.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa já referiu, ilustre Vereador, que estaria tomando todas essas providências.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Por esta razão, este Vereador entendeu de colaborar com V.Exa.

 

O SR. PRESIDENTE:  A Verª Maria do Rosário, proponente deste ato, está coma palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Da mesma forma, saúdo os meus colegas Vereadores e Vereadoras e, de um modo muito especial, muito carinhoso, a presença do movimento sindical aqui entre nós: O Sindicaixa, o SIMPA, o Sindicato dos Gráficos, o Movimento 7 de Setembro, o Sindicato dos Petroleiros, o Sindicato dos Servidores Federais, Sindicato dos Vigilantes, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Federação dos Bancários do Rio de Janeiro, Presidenta do CPERS - Sindicato, Lúcia Camini; Secretária Geral do CPERS; o Sindiágua, o SITRAMICO/RS, o  Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, o SINTEL, a UAMPA e os trabalhadores rurais que também se fazem presentes nesta tarde de reabertura dos trabalhos da Câmara Municipal de Porto Alegre, dos trabalhos compreendidos como período legislativo.

O sentido deste Grande Expediente, saibam os Senhores e as Senhoras, é o de saudarmos a retomada do processo legislativo aqui, na Câmara, com uma marca muito clara de sintonia com a população da nossa Cidade e do nosso País no que trata da defesa do patrimônio público nacional, da defesa da população brasileira, reafirmando a tradição  democrática da Cidade de Porto Alegre e dos que aqui vivem e trabalham. Não há dúvida que vivemos um período de profundas contradições. Muitas atrocidades são cometidas na época atual sob o argumento da modernidade e da globalização. Estamos às vésperas do terceiro milênio. Entrando nele, eu gostaria de estar discutindo com os senhores representantes do movimento sindical, dos trabalhadores e com os meus colegas Vereadores o conceito de Estado a partir de sua radical transformação: o Estado sob controle da sociedade, com a sua estrutura subordinada ao interesse da maioria da Nação, com a sua burocracia colocada completamente de acordo com os interesses públicos dos setores majoritários da sociedade. Gostaria de, neste dia, estar discutindo novos conceitos de rompimento do Estado de caráter privatizado, que se consolidou ao longo da nossa história. Mas, ao contrário disso, meus colegas Vereadores, a reforma do Estado preconizada, proposta e desenvolvida pelo atual Governo Federal, à frente do  projeto neoliberal, sob o argumento de modernização do Estado, é realizada quase que exclusivamente sob a ótica das classes dominantes. Não se iludam: em nenhum momento ela determina qualquer vínculo com os interesses da maioria da população; ao contrário, determina o caráter privado do Estado do Brasil, reforçando uma relação que alija das decisões nacionais qualquer interesse que seja público, enquanto reafirma os interesses dos grandes monopólios. O alerta que procuramos fazer, através da realização deste Grande Expediente, é de que a Câmara Municipal de Porto Alegre, ao lado das grandes questões do quotidiano do nosso Município, precisa estar à altura e discutindo permanentemente as questões nacionais, porque elas dizem respeito a uma Nação e a uma cidade dos trabalhadores. Também alertamos neste momento que a quase que unanimidade encontrada por nós nas páginas da grande imprensa não diz respeito, sem dúvida, aos interesses da maioria da Nação. A reforma que se vê desenvolver, a reforma do Estado, é de caráter conservador e não considera os interesses e as necessidades de amplos setores dos assalariados, daqueles que estão desempregados nos dias de hoje, dos que estão jogados no subemprego, na precariedade do trabalho, dos pequenos e microempresários, bem como dos pequenos produtores rurais e daqueles que lutam hoje, chamados "sem-terra", que representam um grande contingente da população trabalhadora brasileira, que se nega à favelização nos grandes centros urbanos. A política de privatizações do Governo Federal e do Governo do Estado coloca em xeque setores estratégicos da nossa economia, como as telecomunicações. Tivemos aqui o exemplo da CRT e temos o exemplo da Telebrás. Coloca em xeque e privatiza setores energéticos, como hoje observamos as investidas contra a Petrobrás, contra a Vale do Rio Doce, e, em nosso Estado, contra a CEEE. Mesmo na área financeira, temos no dia de hoje um anúncio de 34 agências do Banco Meridional que foram fechadas, 8 delas no Estado do Rio Grande do Sul, o que significa, em projeção, cerca de mil empregos diminuídos diretamente no Banco Meridional. De outro lado, temos aqui a representação do Sindicaixa e dos trabalhadores bancários que demonstram o importante papel que tem a Caixa Econômica Estadual e que, em conjunto com o Banrisul, é a maior rede bancária do Estado. Especialmente aliados das prefeituras falidas em todo o Estado que passam por enorme crise e não são reconhecidas pelo Governo estadual como instrumentos para o desenvolvimento, como sabemos que  podem e devem se constituir. Sem dúvida que as iniciativas de privatização comprometem o presente e o futuro da nação brasileira. O futuro porque acabamos por impedir que o nosso País possa planejar uma estratégia democrática e soberana para o futuro. O presente, porque as privatizações têm se consolidado, se confirmado como uma verdadeira usina de desemprego que somente contribuem para o agravamento das contradições sociais e das dificuldades vividas pelo povo brasileiro, ao lado de podermos observar a desconstituição dos serviços públicos, que devem ser a prioridade de qualquer governo no atendimento à população. Quero destacar, Srs. e Sras. Vereadoras, que o processo de esvaziamento do Estado Nacional, por mais limitado que devamos considerar este Estado, ao longo da sua história no Brasil, no que trata dos seus vínculos com os interesse nacionais e populares, não traz nenhuma perspectiva positiva para o povo brasileiro. Ao contrário disso, o esvaziamento do estado nacional que ocorre no Brasil, assim como em vários países do mundo, se comprova como mais uma ação para afastar o Brasil de um país socialmente justo e independente, como queremos a nação brasileira, objetivo que apaixonou e continua apaixonando diversas gerações.

O que precisamos fazer, como trabalhadores, como setores representativos da sociedade brasileira, é mobilizar a nossa sociedade para resistência a esse processo. Precisamos demonstrar que a globalização e a inserção dos países nesse processo não se dão pelos mesmos caminhos, nem pela mesma forma e tampouco com o mesmo ritmo. Enquanto os sete grandes ditam as regras da globalização, estabelecem claras reservas de mercado para seus países, o Brasil assume um papel subordinado no processo de globalização, destrói  seu parque industrial, entrega completamente as suas riquezas e compromete o presente e o futuro da Nação. Como exemplo, fica o crime anunciado da privatização da Cia. Vale do Rio Doce.  Há menos de um mês, a Cia. Vale do Rio Doce anunciou o descobrimento de uma enorme reserva de  cobre e ouro no subsolo dos Carajás, no sul do Pará. Esta, Srs. Vereadores, está na mira do Governo Federal . Trata-se da maior empresa mineradora do mundo, com patrimônio líquido de treze bilhões de dólares.

Sem dúvida, o velho discurso das privatizações para investimentos na área social já não convence qualquer brasileiro. Petróleo, vias de comunicação, fontes energéticas, meios de transporte, exatamente sobre esses itens é que recaem os interesses dos grandes monopólios.

Não há dúvida de que a soberania nacional está ameaçada pela política deste Governo. A tarefa de todos os brasileiros, de todos os setores conscientes, é somar esforços, estruturar uma grande frente que diga que queremos justiça social e um novo Estado, estruturado sobre bases verdadeiramente democráticas, do qual a população se aproprie e possa ditar os  novos rumos da Nação livre, soberana, autodeterminada e com justiça social. Se essa luta apaixonou muitas gerações, a nossa geração tem  esse compromisso: o de defender o Brasil soberano e livre e o de denunciar os governantes que, mais interessados nos interesses dos grandes monopólios, vendem a nossa pátria por qualquer tostão. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, não vou usar o meu tempo de Liderança neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE: O Vereador Pedro Américo Leal está recebendo tempo da Vereadora Verª  Anamaria Negroni.

Registro, com muita honra, a presença de lideranças do Sindicato da Caixa Econômica Estadual, Heraldo Melo e Terezinha Leal; Sindicato dos Municipários, César Pureza; Sindicato dos Gráficos, Darci  Juarez de Campo Homem; Secretário-Geral do PT, Paulo Ferreira; Movimento 7 de Setembro, Maria Juraci; Sindicato dos Petroleiros, César Brzygodoinski e Dirney Alvez Ribeiro; Sindicato dos Servidores Federais, Marizar de Melo; Sindicato dos Vigilantes, Glênio Domingues e Paulo Paz da Silva; Sindicato  dos Bancários de Porto Alegre, César Hiarto; Sindicato dos Bancários de São Paulo, Edison da Oliveira; da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro, Paulo Garcez; Presidenta do CPERS - Sindicato, Lúcia Camini; Secretário-Geral do CPERS, Eliezer Pacheco; Sindiágua, Álvaro da Rosa - Vereador de Cachoeirinha; SITRAMICO/RS, Ângelo Martins; Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, Jurandir Damin; SINTEL, Jurandir Leite; UAMPA, Omar Siqueira. São os nomes que tenho na Mesa até o momento.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes) Normalmente, quando se fala em soberania nacional, nós lembramos fundamentalmente das questões aqui levantadas pela nossa Verª. Maria do Rosário, até porque faz parte da história e da tradição do nosso País a luta em defesa do patrimônio público e de áreas estratégicas que deram a base, a configuração da construção da Nação brasileira.

Mas, hoje, em 1997, além dessas importantes questões levantadas pela Vereadora, com as quais estamos de pleno acordo, não podemos esquecer que o que mais ameaça a soberania nacional é aquilo que se convencionou de chamar de quarto poder, mas que, na minha opinião, hoje se sobrepõe, muitas vezes, ao Estado, particularmente, ao Estado brasileiro, sobrepõe-se a governos, sobrepõe-se a vários outros interesses e acaba sendo, na verdade, não o quarto poder, mas o primeiro poder - são os  meios de comunicação, a grande mídia e os interesses que defendem no Brasil, no Estado, nos nossos municípios.

Por isso, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, Senhores e Senhoras representantes dos movimentos de defesa do patrimônio público, do serviço público e da soberania nacional, hoje é preciso discutir aqui, também, e fazer parte de um forte movimento nacional, que já existe, da democratização dos meios de comunicação. Somente através da sua democratização, do livre acesso, do controle público sobre cada órgão de comunicação, seja a tevê, que atinge milhões, seja o rádio, que atinge outros milhões, os meios como jornais e revistas, que, sem dúvida nenhuma, num País que ainda tem em torno de um terço de analfabetos ou que não sabem ler efetivamente, atingem menos pessoas, mas que não podem ser desprezados... Temos que nos engajar com os comitês, praticamente o Comitê Nacional  pela Democratização dos Meios de Comunicação, num forte movimento, não apenas os que estão diretamente vinculados a esses meios de comunicação, que são os seus jornalistas, os seus repórteres, mas a todos os movimentos sindicais, populares, estudantis e democráticos, porque precisamos que não sejamos guiados ou manipulados pelos grandes meios de comunicação. Porque eles sim, através da sua ação direta, da formação de opinião, colocam na cabeça de milhares, de milhões, as idéias norteadoras do neoliberalismo, do chamado Estado mínimo. Em última instância, colocam na cabeça das pessoas que é muito melhor colocar na mão da iniciativa privada, sem nenhum compromisso social, o patrimônio público que foi tão difícil de ser estruturado e criado em nosso País.

Por isso, achamos que é preciso dizer, aqui, que nossa Câmara de Vereadores deve se juntar a esse movimento nacional pela democratização dos meios de comunicação. Este é um dos temas que, tenho certeza, vamos retomar em outros debates, porque este é um elemento essencial que hoje guia a cabeça de milhões de brasileiros e que faz com que a política do Governo Federal e que a política reinante em nosso Estado se sobreponham aos interesses de milhões. Milhões que estão no desemprego e milhares de pequenos e médios produtores de alimentos que  não encontram respaldo no Governo, não encontram financiamento no Governo, mas quem encontra respaldo no Governo são os bancos falidos e os grandes interesses econômicos. Mais do que isso, os meios de comunicação, que deveriam contribuir na participação do processo de cidadania, no processo de autodeterminação de nosso povo, no processo de soberania nacional, deveriam exigir do Governo, da nossa Justiça, que o ex-Presidente da República, cassado pelo Congresso Nacional, pagasse o que deve para a Justiça e ao fisco nacional, e não  dando a guarida que foi dada, em alguns momentos, à ação que Fernando Collor de Mello move, hoje, contra o Presidente Nacional do PT, José Dirceu. Estamos contentes por sermos processados por ele, porque queremos fazer o debate sobre o País, sobre a ética na política. E esse, também, junto com os meios de comunicação, eu diria que é outro elemento de defesa do povo, da Nação e da sua soberania.

Sem ética na política, sem democratização nos meios de comunicação, não haverá condições de mobilizar o povo e fazer com que o povo levante sua cabeça, reivindique e defenda seus interesses e, portanto, se considere e aja como cidadão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  A Ver.ª Anamaria Negroni está com a palavra e cede seu tempo ao Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O que é soberania nacional? É preciso se definir o que vem a ser isto, que poder é este? O nome está dizendo soberania nacional é poder nacional, é a capacidade que um país tem de, em causa justa, se fazer ouvir no concerto de outras nações e conseguir que aquilo que ele deseja, vingue. Por exemplo: evoco as 200 milhas brasileiras, demonstração de poder nacional, quando o Presidente da República, então Emílio Garrastazu Médici, pretendeu estender as nossas fronteiras marítimas além de 200 milhas, e foi ouvido nisto. Isto é poder nacional, isto é soberania nacional, uma pretensão que vingou.

A Escola Superior de Guerra  estuda esta doutrina exaustivamente. É pena que os militares estejam desengajados da política nacional. É pena para o Brasil. E nós estamos assistindo agora a este marasmo dos grupamentos militares completamente distanciados da influência sob o poder da Nação. Está aí o perigo. Por quê? A Escola Superior de  Guerra prevê  há mais de 40 anos que o Poder Nacional se divide em poder político, em poder econômico, em poder psicossocial, em poder militar, em poder da informação, em poder da tecnicidade informática e da parte científica. Hoje em dia são seis - na minha opinião - as visões do poder nacional. Fora daí, nos perdemos num emaranhado, em um cipoal de conclusões e de opiniões que não nos conduzem a nada. Por exemplo: o poder militar, hoje em dia esvaziado, completamente esvaziado, com prejuízo da Nação, por quê? Porque na área psicossocial, que também é uma fase do poder nacional, os militares estão completamente desprotegidos. Então tem que se revigorar o poder político. Eu prego, exaustivamente, a interferência, a intervenção dos militares na política nacional. Vejam bem, com a idade que tenho não posso me dar a bravatas, mas é preciso, porque a Maria do Rosário está bastante preocupada com a soberania nacional. Mas, soberania nacional, Ver.ª Maria do Rosário, é o poder nacional, é a capacidade que o País tem de ver as suas pretensões respeitadas pelos outros países, principalmente pelos outros países, mas, também, dentro do território nacional. O que é que nós hoje vislumbramos? Nós vislumbramos  uma dívida externa e interna astronômica, de 274 bilhões de reais. E a soma de todas as privatizações vão a 56 bilhões de reais. Aritmeticamente o assunto se torna até uma piada! Como é que nós vamos pagar 274 bilhões de reais com um minguado 56 bilhões de reais arrecadados, privatizando aqui e ali, a esmo, nos despojando, por exemplo, da maior companhia de minério do mundo,  a Vale do Rio Doce. Eu estou devagar e objetivamente chegando a conclusões: ora, se nós temos uma dívida de 274 bilhões e se nós temos 56 bilhões de arrecadação interna, o que é que nós vamos fazer? Vale a pena privatizar a Vale do Rio Doce por onze ou doze bilhões de reais? Para quê? Para que vamos entregar este manancial de minérios que nem sabemos até onde vai? Somente os satélites americanos é que sabem, porque nós não sabemos de nada; eles é que devem ter visualizadas e anotadas todas essas riquezas. E fazem eles muito bem, eles estão na deles. Agora, nós  temos que estar na nossa, temos que resistir, não podemos fazer privatizações ao "Deus dará", absolutamente, porque a cifra é desprezível, não chegamos a ter uma quinta parte em privatizações que vá imobilizar a nossa dívida. Então, não podemos, absolutamente, cogitar isso.

Onde está o poder militar? Enfraquecido. Enfraquecido de propósito. Está no plano o poder militar enfraquecido, porque está enfraquecido na fase psicossocial. Por que não interfere na parte política? Porque não pode, tem que se ater às casernas.

O Brasil periga, o Brasil periclita, raciocinem isso. O Brasil está em perigo! Sempre prego que os militares têm que vir para a política; vamos  fazer uma Bancada séria, honesta, nacionalista para poder resistir a essa nova ordem de privatizações, sem o que, repito, Maria do Rosário, estamos  em perigo, e precisamos atentar para isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra e cede seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós assistimos, por ocasião da abertura desta Sessão Legislativa, desta Legislatura que se inicia, um ato dos mais importantes que vive esta Cidade, que mantém a coerência da tradição desta Casa, esta mesma Casa que, no século passado, precedeu em muito a própria abolição, a República, e que esteve sempre à frente de diversos movimentos. Hoje, esta Casa abre os trabalhos a partir de uma iniciativa da Ver.ª Maria do Rosário, dedicando seu Grande Expediente a algo que tem a ver com esta Casa, com Porto Alegre, com o Rio Grande do Sul e com o País: um Grande Expediente destinado a prestigiar o registro da luta em defesa do patrimônio público e da soberania nacional.

Nós que, durante este ano, estaremos à frente, discutindo problemas da maior importância para a Cidade de Porto Alegre, abrimos a Sessão desta Legislatura num ato que se destina à defesa do patrimônio público e da soberania nacional. Sim, a segurança deste País está passando por uma situação muito delicada, em que um simples talão de cheques, como registra o ex-Senador e ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, Paulo Brossard de Souza Pinto, custa R$8,40 e onde um produtor precisa, com os preços mínimos assegurados à uva de R$0,17, produzir 50 quilos de uva para pagar um talão de cheques excedente. Um país em que as taxas de juros dos títulos públicos caíram no ano passado, em que os juros da dívida interna cresceram, de 16 bilhões, para 18 bilhões. Assim, a despeito de uma inflação controlada, as emissões do Banco Central cresceram, de 25 bilhões, para 83 bilhões, e o Banco Central, que pagou 17,7% de juros sobre seus títulos, recebeu 12% sobre os recursos liberados para o PROER - a Santa Casa dos bancos. E mais: o Governo Federal, que no final do ano passado destinou apenas um bilhão para o setor rural, no mesmo período destinou  24 bilhões para socorrer os bancos.

Esses são alguns dados dentre outros que registram o déficit comercial em 1996, que foi o maior desde 1980,  de 47 bilhões contra 53 bilhões em importações. Este é o quadro que coloca, Ver. Pedro Américo Leal, em perigo a própria estrutura de segurança interna do nosso País. E hoje, quando esta Casa abre a sua Sessão Legislativa, destinando seu Grande Expediente para discutir e debater a luta em defesa do patrimônio público, nós achamos que essa questão transcende aos próprios partidos políticos. Nós sabemos das críticas, das próprias debilidades que têm os partidos políticos e das próprias contradições internas em levarem essa frente em defesa do patrimônio público. Hoje e depois das telecomunicações, da energia, a "pedra de toque" em relação ao processo de empobrecimento do País e do chamado processo de privatização é, indiscutivelmente, a Companhia Vale do Rio Doce. Essa é a "pedra de toque": é a pedra que vai unir os setores mais diversos da sociedade brasileira, porque ela expressa exatamente a própria soberania nacional. Nós, aqui desta Câmara, aqui deste Legislativo Municipal, tomamos a iniciativa de bandeiras tão identificadas com os princípios da sociedade brasileira, algumas antigas, outras mais recentes, em que eu indiquei a condição de precursora da própria abolição da escravatura e da República e de tantos outros fatos importantes da vida contemporânea do século XX.

Nós queremos, a partir da iniciativa da Verª Maria do Rosário, a  partir da iniciativa que não se tornou mais dela, mas do conjunto da Câmara Municipal de Porto Alegre quando aprovou esse Grande Expediente, transformar este momento num ponto de partida de uma grande luta, ampliando, agregando e associando a essa proposta todos os grandes setores da sociedade brasileira, sindicatos de trabalhadores, sindicatos patronais, sociedade civil, Associação Brasileira de Imprensa - como exemplo - e tantas outras entidades que compõem o grande espectro da sociedade brasileira e - por que não dizer?- aquelas instituições que compõem uma presença permanente, instituições sociais, legais, institucionais permanentes do Estado brasileiro, numa convocação, Ver. Pedro Américo Leal, para a defesa maior da soberania e da integridade nacionais expressas naquilo que, neste momento, é a “pedra de toque” da soberania nacional: a defesa da Companhia Vale do Rio Doce. Esse é o maior projeto que não só as oposições, mas todos os setores da sociedade brasileira têm. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Antônio Losada está com a palavra.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

Quero parabenizar a Verª Maria do Rosário por essa brilhante iniciativa. Quero congratular-me com a presença das diversas entidades sindicais e comunitárias que prestigiam este ano.

Ao longo dos anos, os trabalhadores, segmento do qual eu, modestamente, faço parte nesta Câmara, têm enfrentado grandes dificuldades na luta pela soberania e independência nacionais e pelo patrimônio público, embora tenham sempre desenvolvido as suas lutas associados à sua defesa. Dentro desses processos, os trabalhadores do Brasil nunca tiveram reconhecimento, quando muitos segmentos ocuparam parte do poder neste País ou, às vezes, em determinados momentos de exceção, até o poder total. Pelo contrário, nessas ocasiões é que o movimento sindical brasileiro, os trabalhadores foram, de certa forma, massacrados, assassinados, desrespeitados em seus direitos humanos. Mas, nós, representantes do movimento comunitário, do movimento sindical, reconhecemos que, neste momento, é necessário que nos associemos a essa luta em  defesa da soberania nacional, em defesa do patrimônio público. Embora, em outras ocasiões, muitas vezes, as nossa lutas tenham regredido a um ponto em que parecia que nós iríamos ser esmagados, surgia um movimento sindical forte, surgia a CUT, que unificava os trabalhadores e dava um passo no avanço das conquistas sociais.

Hoje, obrigatoriamente, temos que fazer uma referência aos trabalhadores do Movimento Sem-Terra que,  neste País, resistem de todas as formas, saem da retórica dos discursos, dos parlamentos  hermeticamente fechados e vão para as ruas, para as praças, para os campos, para demonstrarem a necessidade da transformação da estrutura da terra, capaz de possibilitar efetivamente o desenvolvimento nacional, capaz de amainar a onda de violência. E desemprego. Parece que a sociedade está regredindo para uma barbárie em que 20 a 30% da massa de trabalhadores têm direito a um emprego, às vezes um emprego que lhe dá um certo equilíbrio econômico, um certo poder de consumo, mas em que 60%, 70% dessa massa vive da insegurança, vive da incerteza e num processo de marginalização significativo que só pode levar aos presídios, aos Carandirús da vida, aos assassinatos; só pode reproduzir o assassinato de crianças, de adolescentes. Pois o que hoje vemos é só violência em toda a cidade, mas com uma maior concentração nas vilas onde estão os pólos de prostituição, os pólos de recepção de roubos, os pólos de tráfico de drogas.

Nessa pequena intervenção, nós queríamos fazer a referência à luta dos trabalhadores sem-terra. A luta pela reforma agrária no Brasil atravessa gerações, agravando-se a cada dia, como demonstra a reportagem veiculada pela Folha de São Paulo em 16/02/97 no caderno  "Mais!", folhas 8 e 9, a respeito do encontro da líder das ligas camponesas, Elisabeth Teixeira (72 anos), com a líder do MST, Diolinda Alves de Souza (26 anos). A atroz concentração da propriedade rural, usada como investimento e não como meio de produção, enfrenta a heróica resistência daqueles que desejam produzir sem nenhum incentivo governamental, enfrentando a falta de financiamento para os pequenos produtores, os juros altos e a falta de uma política agrícola que beneficie esse setor. Porém, essas pessoas, geralmente expulsas do campo pela mecanização agrícola ( como bem exemplifica a substituição de milhares de bóias-frias na lavoura de cana-de-açúcar por máquinas colheitadeiras), dizem não à sua exclusão social e reclamam um pedaço de terra em que possam continuar a trabalhar. Afinal, nada mais justo para aqueles que realmente sempre trabalharam na terra.

A reforma agrária representa o maior desafio a esse governo que se mostra cada vez mais subordinado aos interesses das elites nacionais dentre essas, aquelas que detêm  a propriedade da terra em nosso País. Contudo, o Governo não poderá esconder os problemas no campo com o agravamento do desemprego, conseqüência do seu modelo neoliberal, que ocasiona o afluxo de trabalhadores rurais para as fileiras do MST, que representa a vanguarda desse justo movimento social.

A terra tem, sim, uma função social, tem a função social de produzir alimentos, de evitar o êxodo rural e os problemas que ele ocasiona nas cidades; tem a função social de gerar empregos e permitir àqueles que desejam trabalhar no campo essa possibilidade. O Brasil é um país continente, o Brasil é de todos os brasileiros e não de um punhado de latifundiários que, em benefício próprio, relegam à miséria milhares de brasileiros e atrapalham o desenvolvimento nacional. Reforma agrária já!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos  Garcia está com a palavra, pelo Partido Socialista Brasileiro.

 

O SR. CARLOS GARCIA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

O Partido Socialista Brasileiro, neste retorno aos trabalhos, após o período de recesso parlamentar, na 1ª Sessão Ordinária da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da XII Legislatura, sente-se na obrigação de protestar mais uma vez contra a política neoliberal de FHC, que nada mais é do que o mais puro exemplo de entreguismo. Não conseguimos entender esta dadivação de tudo que é público!

Empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Usiminas foram passadas para a mão da iniciativa privada por valores irrisórios e pagas com moedas podres. E tem mais: foram vendidas por quantias que não corresponderam nem mesmo aos valores de seus patrimônios. Isto é uma barbaridade! Não podemos deixar que continuem a fazer essas negociatas.

Estamos prestes a sofrer um novo choque! Agora é a vez da Vale do Rio Doce, que está prestes a ser entregue ao capital estrangeiro; logo esta empresa que é uma das primeiras do mundo em tecnologia no setor de mineração, operando em nove estados, possuindo 26 coligadas, além de ser uma importante agenciadora do desenvolvimento econômico, social e cultural nas regiões em que atua.

Os 10 bilhões de dólares pelos quais o governo pretende vender a Companhia é  menos do que valem suas instalações portuárias e suas duas ferrovias.

A recente megamina encontrada em Carajás foi avaliada em mais de 12 bilhões de dólares, demonstrando o potencial existente e ainda desconhecido de nossos minérios. Nenhum país de Primeiro Mundo, até hoje, cometeu tal disparate de entregar seu subsolo!

Estaremos entregando nosso subsolo, o que temos de mais precioso em nossa Pátria!!!

Afora essa situação em nível nacional, aqui, bem aqui, próximo de nós, estamos presenciando situações muito semelhantes. A CRT já foi, e agora é a vez da CEEE. Não podemos permitir que empresas estratégicas passem ao domínio privado. É uma questão de soberania nacional. Vamos nos unir, vamos protestar, vamos reverter essa situação que é caótica. Não podemos permitir que interesses obscuros se sobreponham à vontade da Nação, que é a de preservar o que é seu, de preservar suas riquezas, de preservar todas aquelas empresas públicas que são importantes ao desenvolvimento do País.

O Governo deveria se preocupar, sim, com os 32 milhões de brasileiros que vivem hoje em miséria absoluta. O que estamos fazendo por eles?

Necessitamos de uma reforma agrária urgente, necessitamos de mais habitações, maior geração de empregos, mais saúde e mais educação. Não é vendendo o nosso patrimônio que vamos conseguir isso. Por isso, sem medo algum, eu afirmo: lutar pela soberania nacional é um dever de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente. Sr. Vice-Prefeito José Fortunati e demais autoridades que integram a Mesa. Queremos fazer referência formal aos líderes sindicais aqui presentes e ao Vereador Alcindo Kempfdr.

O PSDB, na sua doutrina, é adepto do pleno emprego e bem-estar social, e com isso está profundamente preocupado. É um partido que tem, nas suas raízes, todo um processo democrático. Tão democrático que a Ver.ª Anamaria Negroni acaba de ceder o seu tempo ao Ver. Pedro Américo Leal, e o Ver. Antonio Hohlfeldt cedeu o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.

A soberania nacional está sempre sob risco. Entende-se como soberania nacional o direito de um país, como o Brasil, de estabelecer as suas próprias prioridades sem interferência externa. A história do Brasil é eivada de momentos em que os nossos ciclos econômicos são feitos pela metrópole e nós continuamos sempre agindo colonizadamente.

Historicamente, o Estado brasileiro foi sempre obeso, narcisista e impotente. Neste País, dizia um filósofo gaúcho, dava-se voto até por telefone. Era muito fácil avaliar, em dez anos de república, 16 presidentes. Este Estado foi espelho da nossa capacidade de concentrar rendas, poder e opinião; caixa de ressonância de um sistema violento, discriminador e injusto, não só pela sua concentração, mas ora murchando nos períodos de maior abertura, ora sendo inchado nas ditaduras, clientelistas, autoritárias e recessivas, sendo, inclusive, válvula de escape desse sistema. Todos os segmentos sofreram os reflexos desse sistema, especialmente na área social, causas e conseqüências das nossas  mazelas como País, como etnia brasileira, como nacionalidade, que tantos irmãos gera na marginalidade.

Mas também este Estado foi fator de minoração, de reabsorção das recessões impostas muitas vezes pela força e pelo autoritarismo.

Em muitos momentos, a própria sociedade, em suas leis de mercados incrementadas pela  doença maligna do Estado, que se tornou pesado, e sua tendência estamental, nos jogou ao triste destino dos tentáculos do clientelismo, dos cartorialismos, dos monopólios estatais ou privados, filhos de uma mesma mãe desigual e injusta, mas quando se cria um sistema de empregos, quando se chama uma GM para cá, também se é criticado. Só há uma maneira de o Estado contemporâneo readquirir seu papel e sua força como autoridade e como repercussão dos movimentos sociais, como autor paritário com a lei e com a sociedade civil. Hoje, é indiscutivelmente fundamental o Plano Real como equilíbrio econômico, mas também como fator de redistribuição da renda nacional.

Hoje, nosso Estado está diminuindo de tamanho, resgatando em muitos pontos a sua potência. Aqui, quero falar sobre o que o Estado já fez, por exemplo, em relação a nossa chamada Reforma Agrária. Com a criação do Ministério da Reforma Agrária, foram desapropriados três milhões de hectares de terra, foram assentadas, em dois anos, um  milhão e duzentas mil famílias. Foi decretado o rito sumário, mas, principalmente, hoje, temos um imposto que sobrecarrega aquela terra ociosa e não produtiva.

Nosso Estado, ao diminuir de tamanho, busca uma nova realidade social: um Estado justo, equilibrado, voltado para um País melhor, no caminho da periferização desse poder, da democracia e da liberdade. Talvez seja este o momento de maior liberdade e de democracia, desde a instalação da República, acima de qualquer interesse partidário como conquista inigualável do nosso povo. Nunca houve tanto alimento na mesa do trabalhador brasileiro como existe hoje. Em plena campanha eleitoral, a União Federal passa ao PT de Porto Alegre, a partir de setembro de 96, dezessete milhões de reais para a área da saúde, mensalmente, tentando passar de incipiente para parcial a municipalização da saúde na capital do Rio Grande do Sul. O próprio Governo Federal, na mesma época, passa para a Cidade de Porto Alegre, para a Administração Popular, 56 postos com as suas estruturas, com as mesmas finalidades de municipalização. Então, esses algozes federais, estaduais e nessa dependência hierárquica de Estado, União Federal, Governo Estadual e Municipal, não há dúvida, há posições polêmicas, até pelo leque partidário que integram, mas que são interdependentes e estão interagindo. O Estado contemporâneo necessita ser alterado, reformado, concomitantemente com as grandes tendências mundiais da política das sociedades, da tecnologia, buscando a felicidade geral dos povos, o interesse maior da pessoa humana, centro da programática do Partido  da Social Democracia Brasileira. Por último, especialmente, o aspecto mais importante, em tese: jamais abriremos mão, sob qualquer maneira e de forma inequívoca, a qualquer tentativa de privatização da área social, mormente da área da saúde, fulcro dos maiores problemas dos países do Primeiro Mundo que tentaram fazê-lo, ou o fizeram. Nós agiremos pelas razões sociais e por uma postura responsável perante as próximas gerações. Por isso é indispensável repensarmos o Estado com a participação comunitária, com a população exercendo o seu controle dentro do pleno regime democrático. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Registramos a presença da Suplente Verª Maristela Maffei. Queríamos também, por solicitação do nosso ilustre Vice-Prefeito, Secretário do Governo do nosso Município, esclarecer ao Plenário que ele tem audiências marcadas, e o nosso tempo ultrapassou os limites. S.Exa. está solicitando licença para sair e nós estamos sentindo falta da sua palavra. Como Mesa, teria dificuldade de dar a palavra a S.Exa., uma vez que, regimentalmente, fala apenas uma pessoa representando o movimento e já está previsto o Vereador e membro do Sindicato da Federação dos Metalúrgicos. Se o Plenário solicitar e se não houver nenhum impedimento, peço vênia aos Srs. Vereadores para dar a palavra ao ilustre Vice-Prefeito.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, é claro que sempre será uma satisfação podermos ouvir a palavra de alguém com o conhecimento que tem o Vice-Prefeito atual. Eu só pediria a V.Exa. que o Vice-Prefeito se manifestasse na condição de Vice-Prefeito e não como participante desta reunião, já que há partidos favoráveis e contrários. Eu gostaria que ele falasse como Vice-Prefeito em visita à Câmara Municipal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Não concordo. O assunto é a soberania nacional. O Vice-Prefeito está compondo o elenco de debatedores sobre a soberania nacional. Como vai falar sobre mariola?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Reafirmo publicamente que, para nós, é uma satisfação ouvir o Vice-Prefeito com a liberdade de abordar o tema conforme a sua consciência determinar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA:  Não há dúvida da importância da palavra do Vice-Prefeito, quer como cidadão, quer como Vice-Prefeito. Este não é um ato partidário, é acima da Câmara Municipal. A Casa merece ouvir sua palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Não estou colocando vedação à palavra do Vice-Prefeito. Estou tirando limites para que ele possa se manifestar além do tema que temos hoje no Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: Pedindo vênia aos demais inscritos, passo a palavra ao Vice-Prefeito José Fortunati.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, membros da Mesa e demais presentes. Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer, de modo especial, esta oportunidade de poder utilizar a tribuna desta Casa no momento em que, por proposição da Ver.ª Maria do Rosário, estamos discutindo um tema da maior importância. Não quero aqui falar do ponto de vista ideológico, fazer uma análise ideológica deste importante tema, até porque tivemos nesta tribuna o Ver. Pedro Américo Leal, do PPB, e Vereadores do PT e do PSB que, certamente, não comungam com todas as linhas ideológicas desta Casa em nível estadual ou em nível federal, mas é uma demonstração cabal de que, quando tratamos da questão da soberania nacional e do patrimônio público, temos que identificar quais são os interesses que nos movem em prol do nosso País. Como parlamentar federal, acompanhei, ao longo do tempo, a importante discussão sobre o Programa Nacional de Desestatização e, infelizmente, devo aqui me reportar que, em momento algum, percebi uma discussão profunda sobre o tamanho do Estado que devemos ter. Que tamanho é este para atender a demanda da população? Que tipo de Estado deve ser colocado a serviço de todo País para que ele possa responder minimamente àquilo que todos nós achamos de fundamental importância? E estranhei, ao longo desse tempo, também na esfera federal, que não tenhamos travado uma discussão importante sobre o que é estratégico e o que é essencial ao nosso País. Eu pergunto: é estratégico para o nosso País mantermos setores importantes como o da telecomunicação, como o de energia elétrica? Discutirmos com profundidade a utilização do nosso subsolo, a reforma agrária é essencial? Será que não é essencial a discussão sobre a saúde pública e sobre a educação? Enfim, essa discussão deveria estar sendo colocada em primeiro lugar para, depois, começarmos a tratar de uma forma profunda e contundente sobre as privatizações que deveríamos levantar. Não é do meu Partido,  de forma alguma, um dogma sermos contra privatizações em geral. Não, queremos discutir, meu companheiro Pedro Américo Leal, a questão do sistema financeiro: ele serve ou não aos interesses do País? É estratégico para o País termos o sistema financeiro voltado para a agricultura, para o fomento, para o desenvolvimento? Ou é estratégico para o País simplesmente nos livrarmos do sistema financeiro, abrindo as comportas e as fronteiras desse País e, naturalmente, do nosso Estado para o sistema financeiro privado para que ele possa - através, quem sabe, da lei da usura - fazer o que lhe aprouver?

Nós, hoje, da Administração Popular, queremos dizer com toda a tranqüilidade que, acima de tudo, o que deve, acima dos nossos interesses pessoais, mediar esta discussão sobre o patrimônio público, de um lado, que resulta na discussão do conceito de soberania nacional, é podermos refletir sobre o que, efetivamente, é importante para o País na sua globalidade, sobre o que é bom para a maioria da população e de que forma vamos utilizar esta soberania nacional de acordo com o interesse da maioria e não com interesse de uma minoria que, supostamente, fala em nome desta maioria. Se hoje temos um País que caminha, sim, para uma democracia plena, é o que todos  nós queremos; nós, do ponto de vista político, questionamos esta democratização do ponto de vista econômico. Temos, sim, uma democracia que avança do ponto de vista político, mas que deixa muito a desejar  do ponto de vista econômico. Sabemos, sim, e quero dizer aos nobres Vereadores do PSDB, que temos um reconhecimento quanto à estabilidade da moeda, quanto ao combate à inflação. Nós temos sérios questionamentos, e esse debate se faz necessário e deve se fazer presente nesta Casa quanto à estabilização voltada para a maioria da população, especialmente para os que, hoje, encontram-se desempregados. No dia de ontem o IBGE divulgava mais um dos seus índices - índices alarmantes do ponto de vista do desemprego -, revelando que cresce na grande Porto Alegre, e cresce em nosso Estado o desemprego. Isto, certamente, poderia ser respondido. Aliás, tem respondido o Governo que as populações mais carentes têm-se alimentado melhor. Não queremos, de forma alguma, repudiar essa afirmação, porque é verdade que as classes menos abastadas, que têm salário, conseguem ter salário, realmente estão-se alimentando de forma mais adequada. Mas é indiscutível que a política nacional, na forma como ela vem sendo pregada, traz aquilo que, certamente, os menores salários não conseguem responder. A Ver.ª Maria do Rosário lembrava muito bem de que o Banco Meridional, como exemplo, começa a fechar várias de suas agências e, como conseqüência natural, traz milhares de  desempregos; certamente esses desempregados não terão como comprar o feijão, o arroz, a sua cesta básica. Se de um lado nós compactuamos dessa afirmação que faz o Governo Federal, de que as classes menos abastadas, assalariadas, estão-se alimentado melhor, não podemos deixar de questionar que esta política - uma política de privatizações para nós sem método, sem metodologia, sem critérios - traz no seu bojo um desemprego cada vez maior e mais prejudicial à maioria da nossa população.

Por isso, não tenho  dúvidas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de que a questão da soberania nacional, juntamente com a questão do patrimônio público nacional, deve ser discutida, não do ponto de vista ideológico, mas do ponto de vista filosófico de todos aqueles que desejam pensar numa Cidade melhor, num Estado melhor e num País melhor. Neste sentido tenho certeza absoluta de que esta Câmara de Vereadores, através de seus integrantes - com grande parte dos quais tenho convivido ao longo do tempo -, poderá, e pelo trabalho que se debate, ao longo do tempo buscar as melhores soluções, não somente para a nossa Cidade, mas apontar para nossos partidos na busca de soluções que sejam não meramente factíveis, provisórias, mas de um longo alcance para nosso Estado e para o nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, autoridades já nominadas que compõem a Mesa, Srs. Vereadores, lideranças sindicais aqui presentes. Inicialmente, quero colocar a todos que considero da maior importância que, mais uma vez, a Câmara Municipal de Porto Alegre retome este tema e a sua tradição de não apenas se ater às questões da Cidade, mas que também coloque para si a tarefa de aprofundamento das questões nacionais.

Numa rápida intervenção, gostaria de dizer apenas que, se fizermos a retrospectiva histórica do tema em discussão hoje, veremos que a história da luta pela soberania brasileira ocupou as ruas dirigidas sempre por setores organizados. A justeza dos seus ideais e a clareza dos procedimentos e encaminhamentos políticos, dados pelos seus dirigentes e por todos que a defendiam, assegurava a mobilização das massas em sua  defesa. Como em todas as lutas, o processo político coloca para nós, agentes políticos desta etapa histórica, a necessidade de adaptação para o alcance de nossos objetivos. Por isso é preciso que nós, os  políticos, todas as lideranças, sejamos capazes de dar, hoje, visibilidade às demandas e às repercussões de cada ato, para que a sociedade possa perceber o verdadeiro centro dessas reivindicações, dessas denúncias. É preciso denunciar, é evidente, mas é preciso avançarmos para essas denúncias, denúncias justas, porém insuficientes quando se coloca a  questão da soberania na complexidade de uma sociedade moderna. A discussão que põe  apenas em nível geral talvez não esclareça suficientemente o conjunto dos cidadãos para que todos se somem a esse processo de discussão e de mudança. É preciso, portanto, aproveitarmos mais esta oportunidade para hoje aprofundarmos um pouco o debate sobre qual é o verdadeiro papel dos governos nesse processo histórico e econômico deste final do século. Assim, compreendendo que tipo de estado é o Estado brasileiro, quais os erros do seu passado e em nome de que foram elaboradas essas políticas excludentes, poderemos definir qual o melhor estado para o futuro, o estado que será capaz de gerir para a maioria dos seus cidadãos. Se assim não fizermos, quem sabe as iniciativas tomada não serão capazes de fazer os avanços das políticas públicas que venham a fazer com que a ação do Estado seja cada vez mais para a população brasileira. Talvez aí fique mais claro se pensarmos nesta ótica o porquê da dicotomia que existe hoje em todos os partidos, quando eles assumem os governos das unidades federadas. A dicotomia se forma entre os quadros dos partidos e os dirigentes que estão nos governos, talvez porque a discussão da privatização tenha, na verdade, chegado de uma forma completamente autoritária para a sociedade, sem que a sociedade tenha amadurecido: qual o verdadeiro papel do Estado brasileiro e qual o melhor estado para todos? Qual é a política de desenvolvimento que deve ser executada sob a égide do estado? Qual é exatamente a política que queremos para que o estado, como o Estado brasileiro, não caia no erro de desenvolver uma política que seja completamente sem uma postura estratégica ou, por outro lado, permaneça, e o Estado,  completamente excludente, fique atrelado a setores minoritários e não-democráticos? O estado tem que ser capaz, hoje, neste final de século, de, através de procedimentos democráticos, conquistar a disputa dos seus processos produtivos, da comercialização de seus produtos, fazendo com que o fruto seja redistribuído para a maioria. É preciso garantir a ousadia de estabelecer as parcerias necessárias para que o Estado cumpra o seu papel econômico e social, trazendo resultados de seus esforços para os cidadãos, não apenas privatizando de forma desordenada sobre a determinação dos oligopólios internacionais, mas é preciso compreendermos que a modernização é necessária, desde que ela seja feita sob a hegemonia de um estado parceiro de seus cidadãos. O desafio é garantir que essas políticas saiam do papel e que possamos construir o futuro do Brasil preservando o potencial brasileiro para que as gerações de amanhã possam usufruir de uma política de desenvolvimento gerado a partir do grande potencial que o Brasil tem.

Eu falei que a denúncia talvez fosse o suficiente. Eu acho que é, mas é muito importante que, em qualquer oportunidade que se discuta a questão da soberania nacional, se denuncie e se recoloque a indignação pela Vale do Rio Doce. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, autoridades componentes da Mesa já nominadas, Srs.  Vereadores, Lideranças sindicais, Senhores e Senhoras. De plano, cabe assinalar a oportunidade e a felicidade da Ver.ª Maria do Rosário ao propor, para o pontapé inicial desta Casa, um tema da envergadura da expressão da soberania nacional e do patrimônio nacional que entra em jogo e entra em sério risco.  Não poderíamos deixar de assinalar, nesta oportunidade, a felicidade da iniciativa da Vereadora, o que, aliás, não é invulgar, não é incomum,  em razão de outras iniciativas já tomadas pela digna Vereadora.

De outra parte, cabe deixar claro que não encontramos informações que respaldem colocações feitas pelos que nos antecederam. Uma delas nos chamou atenção sobremodo. Foi a colocada pelo ilustre Ver. Cláudio Sebenelo, que colocou ter o Governo já assentado um milhão de famílias no que diz respeito ao problema da terra, a reforma agrária.

É um número espantoso, tem a sua razão de ser. O ato é um ato falho, mas por quê? Donde ele luz? Donde ele traz respaldo para surgir, para aparecer? Ele não é uma assombração que vem de repente, mas é algo que surge, justamente, nas entrelinhas dos jornais, nas palavras perdidas na televisão e no rádio. Daí vem esse equívoco, daí vem o engano, o que coloca sempre o povo brasileiro numa situação de confusão - no mínimo, de engano, de engodo, alheio completamente à verdade dos fatos. Mas quando levantamos problemas que dizem respeito à autonomia, à independência, à soberania nacional, nós nos lembramos dos problemas maiores do País, e a angústia maior é maior. Ela tem um tamanho bem mais significativo: a Vale do Rio Doce e outros problemas que dizem  respeito à transferência da riqueza nacional para mãos alheias, estranhas à nossa soberania. Mas há fatos menores, que mostram  com clareza, de modo mais flagrante... Nós, que lidamos com as questões do Município  e com problemas municipais, nos acostumamos a lidar com problemas  aparentemente menores, nem sempre tão pequenos assim.

Nós encontramos, no Jornal de Brasília,  no "decálogo" sob a responsabilidade do jornalista Carlos Honorato - e tivemos oportunidade de nos reportar a essa colocação feita por ele no dia 07 de janeiro deste ano - esta afirmação: "Maracutaia: o Governador do Rio Grande do Sul, Antonio Britto,  começa o ano com um pequeno problema. É que a licitação para os serviços de inspeção veicular, uma exigência do novo Código Nacional de Trânsito, do DETRAN gaúcho, tem tudo para terminar num escândalo. O detalhe curioso é que o redator do Edital, Roberto Scaringella, é consultor da empresa alemã Dekra, uma das concorrentes". Esse comentário do jornalista brasiliense foi transcrito no "Correio do Povo", pelo nosso jornalista Políbio Braga, no dia 8 de janeiro. Pois essas denúncias são gravíssimas no nosso entendimento, e não tiveram a menor ressonância, repercussão nenhuma. O Sr. Antonio Britto, Governador do Estado, e o Sr. José Eichenberg não tiveram que responder nada, a menor explicação. Vejam uma pequena colocação que diz respeito àquilo que, na polícia e no DETRAN, se chama de "vistoria", mas que houve uma mudança de nome para  dar uma roupagem um pouco mais sofisticada para assim possibilitar medidas como essa. O Sr. Scaringella, representante de interesses multinacionais, vem de São Paulo para dizer como nós temos que fazer no Rio Grande do Sul para tomar do Governo Estadual, do povo sul-rio-grandense, do povo de Porto Alegre, uma parcela considerável daquilo que é exercido há muitos anos.

Outra situação é, por exemplo, o aumento das taxas, já antecipando aquilo que o Sr. Scaringella, a Sra. Nereide e o Sr. José Eichenberg  costumam chamar de "Novo DETRAN".

Então, não é só a CEEE que está sendo ameaçada de transformação de tal modo que venha a calhar aos interesses internacionais, não é só a CRT, não é só flagrantemente o Vale do Rio Doce, mas o próprio DETRAN, um órgão simples da Administração Pública. Quanto é que vai custar para a empresa privada o DETRAN? Nada. Vão ganhar uma riqueza fabulosa que é do povo de Porto Alegre. A CIRETRAN,  no interior do Estado, que é dos interioranos nas diversas comunas sul-rio-grandenses. Isso tudo vai ser transferido para o capital internacional. Coisa simples.

Essa denúncia mostra bem claramente a transferência de um serviço modesto de inspeção de segurança veicular para as mãos do capital internacional. E o que fez o Governo do Estado, a Secretaria de Segurança diante dessa acusação? Nada. E é assim que o povo brasileiro vai ficar: nada tendo. Muito obrigado. (Palmas)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, exercito, na tarde de hoje, uma das mais positivas sensações que os verdadeiros democratas podem exercitar, ou seja, a tolerância. Estou nesta Casa, desde o início desta Sessão, sem condições físicas, devido a uma gripe, num respeito natural à decisão soberana desta Casa, que entendeu determinar que o primeiro Grande Expediente desta Legislatura fosse dedicado ao tema proposto pela Verª Maria do Rosário. Eu não poderia esperar diferente. Sei que a minha voz, nesta Casa, é fortemente minoritária, mas, mesmo assim, agradou-me verificar e até sentir algumas lições magníficas de democracia, quando observo, por exemplo, que os meus companheiros do Partido da Social Democracia Brasileira, que, por coincidência, dispunham de três tempos na Sessão de hoje, democraticamente, concederam a oportunidade, que é direito, a essa voz singular do nosso querido Ver. Pedro Américo Leal, que fez um dos mais candentes pronunciamentos da tarde. Após, ouvimos o Ver. Isaac Ainhorn, um socialista um pouco encabulado, que enfocou a situação por outro ângulo.

Pessoalmente, fiquei bastante preocupado, quando observei que estamos reduzindo a soberania nacional à defesa da Companhia Vale do Rio Doce. Eu posso estar redondamente equivocado, porque não tenho a pretensão da certeza da verdade, Ver. Braz, porque entendo que o assunto sobre soberania nacional é muito mais amplo. Parece-me ridículo falarmos em soberania nacional num País que até pouco tempo tinha o seu dinheiro, a sua própria moeda atirada ao chão da forma mais desleixada possível. Eu acho que não há soberania de um povo quando os seus mais elementares símbolos são desrespeitados.

E me parece, Sr. Presidente - e não sei  se a oposição vigilante da Casa, na sua determinação de golpear a administração Fernando Henrique, não há de negar -, que, neste particular, a soberania brasileira passa por um profundo estado de resgate, quando a moeda nacional passa a ser respeitada como tal e não como aquela figura de ficção que sequer servia para denominar o custo das mercadorias.

Pessoalmente, Sr. Presidente, não sou dogmático, nem tampouco viria hoje aqui, Ver. Sebenelo, fazer um  discurso integralmente a favor da privatização sob todos os aspectos; entendo que, no atual momento da economia internacional, não há outro caminho senão o de se buscar novas fontes de financiamento do Estado do que aquelas tradicionais que, a meu juízo, estão exauridas.

Mas isso que não quer dizer, Sr. Presidente e meu ilustre companheiro de atuação política nesta Casa, Ver. Pedro Américo Leal, que eu seja a favor da privatização pela privatização. Eu, por exemplo, em várias ocasiões, fui salvo até pelo gongo, por me manifestar  contra a privatização do Banco Meridional, porque me parecia que, nos termos em que estava sendo colocada, não era benéfica para a economia do Rio Grande e acabou não sendo nem benéfica para a economia brasileira, porque não apareceu sequer concorrência para licitar o Banco Meridional, em função da crise das instituições financeiras.

Por isso, Sr. Presidente, quero dizer à Verª Maria do Rosário, com todo o respeito possível, que, na minha ordem de prioridades, eu pensei que nós iríamos, hoje, aqui, na abertura desta Legislatura, discutir a carência de habitações em Porto Alegre, discutir as deficiências do saneamento básico, discutir situações que dizem respeito ao dia-a-dia do porto-alegrense e não a esse grande tema nacional. Mas, já que a proposta é essa, eu estou aqui respondendo afirmativamente à discussão porque, apesar de estabelecer a prioridade sobre outro ângulo, não fujo do debate nos termos em que me for proposto.

E por isso quero, ao concluir - dado que o alerta da Presidência me diz que o meu tempo se esgota -, dizer que, a meu juízo, a soberania deste País, como a de qualquer outro país, não se limita, não se esgota numa empresa estatal, por maior que ela seja e por mais relevante que seja o seu serviço. A soberania se conquista no dia-a-dia, fortalecendo-se a moeda, fortalecendo-se as instituições democráticas e, sobretudo,  vivendo a verdadeira democracia. Esta é a democracia que estou vivendo, tolerando aquelas posições majoritárias da Casa contra o meu ponto de vista, as quais, respeitosamente, ouvi, apesar delas discordar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não ia utilizar a palavra, mas, como faço parte de um partido que foi o primeiro a querer defender as riquezas nacionais, a lutar para que aqueles setores principais da economia ficassem administrados pelo Estado, e ouvindo os oradores que se seguiram aqui  desta tribuna, quero apenas fazer algumas correções e algumas afirmações de acordo com a mudança que acredito que houve em termos de história. A primeira: a Vereadora proponente, a minha querida amiga, Ver.ª Maria do Rosário, disse aqui, desta tribuna, que a Cia. Vale do Rio Doce era realmente a grande atração para o capital privado, por causa da descoberta recente das minas de ouro de Carajás. Nós sabemos muito bem que, no processo que está sendo conduzido pelo Governo Federal,  essas minas, que foram recentemente descobertas, foram apartadas da Companhia Vale do Rio Doce; não fazem parte desse possível interesse de empresas privadas sobre essa companhia. Então, não se pode discutir mais a Vale do Rio Doce com  relação à recente descoberta. Outro fator que acredito ser extremamente importante é que nós sempre defendemos, como partido político - e fomos o primeiro partido político a defender isso -, que a política do petróleo fosse comandada e ficasse totalmente dentro do governo. Agora, temos assumido posições contrárias, porque nós vimos que, no decorrer do tempo - e nós precisamos ser verdadeiros, aqui, nesta tribuna e neste Parlamento -, pequenos grupos acabaram se adonando daquilo que deveria ser do interesse geral da Nação. Em vez disso, enquanto a Petrobrás passa por alguns problemas, nós vemos que a empresa que serve aos seus funcionários - a PETROS - é uma das mais ricas do País. Então, nós temos que fazer uma discussão diferenciada. Vamos ver, aqui, em termos de Rio Grande do Sul: as empresas que, há algum tempo atrás, eram defendidas pelo partido ao qual pertenço de repente começaram a ser mais úteis para um determinado grupo, que se serviu dessas empresas ao longo da história, quando, na verdade, elas deveriam servir aos interesses gerais da sociedade. Como nós vamos continuar defendendo que essas empresas continuem passando para as mãos dessas pessoas que fazem parte de um pequeno grupo da nossa sociedade? Em nome do quê? Esta luta da qual nós já fizemos parte - e fomos os primeiros - não pode mais ter a mesma visão do passado, dos anos 50. Ela tem que ter a visão deste  final de século, porque nós não poderemos, realmente, ser sérios se quisermos esconder os defeitos que acontecem nessas empresas em prejuízo da sociedade, apenas para podermos fortalecer a nossa luta de partido. Vários são os partidos de esquerda que, hoje em dia, fazem uma luta apenas para chegarem ao poder. Não interessa mais o Estado. Nós temos que  mudar essa conotação. Nós temos que voltar a fazer a luta em benefício de toda a sociedade. Nós temos que começar a encontrar o ritmo certo do trabalho que  temos que exercer, aqui, dentro desta Casa, principalmente quando falarmos sobre fatos tão importantes como este hoje levantado aqui, sabiamente, pela Ver.ª Maria do Rosário, que pediu este Grande Expediente. Devemos saber que temos que ser absolutamente verdadeiros e coerentes com o tempo em que estamos vivendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Juarez Pinheiro falará em tempo de Liderança.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e  Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Não tínhamos a intenção de nos manifestar nesta Sessão. A companheira proponente desta Sessão, Maria do Rosário, expressou com a melhor qualidade possível a posição do nosso partido relativamente ao que entendemos  sobre soberania nacional e sobre o grave risco por que passa a Nação: ter dilapidado todo o seu patrimônio. Mas, vendo alguns discursos em defesa do modelo neoliberal, quero começar pelo fim do meu discurso: nunca vi um governo tão sem coluna vertebral! Nunca vi tanta vassalagem por parte de um governo como o do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Temos demonstrações e exemplos inequívocos do que digo; basta recordar a aprovação da Lei de  Patentes, quando o Governo Federal deu mais do que os Estados Unidos pediam. Essa lei  veio escrita em inglês e a alteração que teve só serviu  para melhorar os benefícios que concedemos aos Estados Unidos da América e para dar aquilo que o GAT pedia. O restante está escrito em português  o que recebemos aqui em inglês. Quando vejo, nesta Sessão, nobres Vereadores, colegas defenderem o modelo neoliberal, quero chamar a atenção para uma declaração recente que foi publicada numa revista dos Estados Unidos. Refere-se a um dos maiores defensores do neoliberalismo em nível mundial. Trata-se de George Soros.

(Lê.)

“George Soros é conhecido como o mais bem-sucedido especulador financeiro internacional. Seu fundo de investimentos, o ‘Quantum Found’, pode ser considerado como o pecursor do conceito de ‘hedge founds’ - fundos que operam internacionalmente e que tanto podem ter posições compradas como posições vendidas em todos os tipos de ativos.

Soros é mais famoso do que o seu fundo. Adquiriu notoriedade muito além de sua seara quando, há alguns anos, ganhou mais de um bilhão de dólares numa aposta na desvalorização da libra inglesa. Pois, agora, Soros assina um longo artigo de capa da revista americana ‘Atlantic Monthly’ onde discorre sobre os ricos do neoliberalismo. O liberalismo, segundo Soros, sustenta que o bem comum depende da busca irrestrita dos objetivos individuais. Assim como as ideologias totalitárias, o liberalismo também procuraria se justificar, fazendo apelo à ciência. Acontece que a ciência nesse caso é a teoria econômica, e a teoria econômica estaria fundamentalmente equivocada. Ou bem conseguimos livrarmo-nos do monopólio intelectual do liberalismo ou o individualismo exacerbado vai levar-nos à incapacidade total de cooperação. O resultado inevitável será a instabilidade e o colapso. A revista  ‘The Economist’ - conhecida defensora do liberalismo - por óbvio, rapidamente contestou o artigo de Soros.”

No recente fórum econômico mundial, as principais lideranças também reforçaram a idéia de que o neoliberalismo deveria tomar outros caminhos. Vejam os arautos do neoliberalismo! Na verdade, companheiros, estamos cada vez mais dependentes do capital internacional. Esse governo FHC, que aí está, é o principal responsável,  a partir do momento em que faz uma análise completamente equivocada do Estado brasileiro. Faz uma análise do Estado brasileiro a partir de um diagnóstico feito pela Sra. Margareth Tatcher, enquanto Primeira-Ministra da Inglaterra, relativamente aos países centrais, que nada têm a ver com o diagnóstico da nossa crise. A nossa crise  começou quando abrimos mão do estado desenvolvimentista que buscava ter uma indústria forte, produzir e exportar apenas aquilo que sobrava para nós. A moda mundial, hoje,  é do nichos de exportação, ou seja, sobram pequenos espaços. Os países, principalmente os periféricos como o nosso, precisam, são obrigados a fazer produções de poucos artigos para colocar no mercado mundial. E o restante é colocado pela economia globalizada. Fizeram uma análise completamente equivocada.

O Ver. Pedro Américo Leal trouxe um dado importante: o da dívida brasileira em títulos federais. Para V.Exas. terem uma noção do motivo para termos que fazer uma reforma do Estado, sendo o Estado considerado muito pesado: 50% do orçamento de 1996 foi gasto com custo da dívida! Então, não adianta nada fazer reforma do Estado, querer tirar dinheiro da saúde, da educação, responsabilizar o funcionário público. É  a dívida pública a causa. O Coronel aposentado e Vereador Pedro Américo Leal disse de forma muito clara: nós tínhamos uma dívida de 69 bilhões de reais no início de 95, terminando com 108  bilhões de reais. No final de 96 estávamos com uma dívida, em títulos federais, de 178 bilhões de Reais. Os déficit da balança comercial de 14,8 bilhões de dólares no orçamento da Nação não são figuras de linguagem. São dívidas que temos que pagar com o sacrifício do povo brasileiro. Essas dívidas vão fazer aumentar o custeio do pagamento de juros indevidos em detrimento da saúde e da educação.

Quero reforçar que este é um governo de  vassalagem, um governo que não tem coluna vertebral. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o nosso Regimento proíbe qualquer tipo de manifestação, seja ela vaia ou aplauso.

Eu pergunto a V.Exa., que está permitindo, hoje, manifestação por aplauso, se será uma constante nesta Casa esse tipo de manifestação.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a manifestação de aplauso partiu dos Srs. Vereadores, e isso é possível. É esta a manifestação que estamos permitindo. Agora, é difícil, num momento como este, proibir a platéia de ter a mesma manifestação dos Srs. Vereadores. A Mesa não queria polemizar sobre esta questão, e acho que respondemos a V.Exa.

 

(Manifestação verbal da platéia.)

 

A Mesa, neste momento, acaba de perder a razão, pois o Regimento não permite qualquer tipo de  manifestação da platéia. Solicito ao ilustre visitante que não use a palavra nem gestos.

Passamos a palavra ao Sr. Vereador Alcindo Kempfdr, que é  sindicalista e membro da direção da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul. Ele falará em nome do Fórum de Defesa das Estatais, representando os movimentos sociais que estão aqui conosco nesta tarde cívica de discussão de um assunto tão importante.

 

O SR.  ALCINDO KEMPFDR: (Saúda os Componentes da Mesa. ) Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, em especial a companheira Maria do Rosário por esta iniciativa, Senhores e Senhoras presentes neste Plenário. Nós sabemos que este tema de soberania nacional é um tema bastante complexo, mas o fato de ele ser complexo não significa que nós vamos abrir mão desse debate. Quero dizer aos Senhores que esse não é um tema novo; ele já foi debatido, no passado, neste País, e a primeira coisa a que quero me reportar, aqui, nesta Casa, é que é lamentável que agremiações partidárias e pessoas dessas agremiações partidárias, no passado, tenham sido contra qualquer tipo de privatização. O Exmo. Sr. Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, já foi contra as privatizações neste País e também o Sr. Antônio Britto, Governador deste Estado.

Portanto, Srs. Vereadores, a lógica que nós temos que discutir é que temos que entender qual é o conceito que fundamentou a criação de um Estado, de uma Nação. O conceito que norteou a criação de um Estado, na minha modesta visão, que criou o Poder Legislativo, que criou o Poder Executivo e que criou o Poder Judiciário com seus instrumentos legais foi para dar proteção à maioria e, principalmente, àquele cidadão, àquela cidadã desprotegida. Só que, lamentavelmente, o que nós assistimos, neste final de século, quase na virada do próximo milênio, é que este Estado tem dado muito mais proteção a grupos financeiros, a grupos econômicos, de banqueiros, latifundiários, de usineiros, e assim por diante, do que ao cidadão comum, aquele cidadão que mora lá na periferia, lá no bairro, lá na vila. É comum dizer que o que é público não funciona e por isso tem que ser privatizado.

Agora quero me reportar aqui: trabalho  há 25 anos na iniciativa privada e já assisti, ao longo desses 25 anos,  empresas maldirigidas fecharem as portas, empresas maldirigidas terem que demitir funcionários. É bem verdade que tem muita empresa privada que está sendo sucateada, como a pequena agricultura por um fator conjuntural, por um fator estrutural. Agora, se é verdadeiro que o Estado tem que ser  protetor do cidadão, foi o Estado também que, para  ter a sua soberania nacional frente aos outros países, principalmente no setor energético, criou a PETROBRÁS, a ELETROBRÁS,  a CRT, a TELEBRÁS e assim por diante. Agora, em defesa de alguns interesses de grupos minoritários querem transformar isso na privatização.  Será que é esse o conceito que nós, cidadãos comuns, temos que ficar assistindo? Enquanto isso, estamos assistindo, no final deste século, centenas e milhares de trabalhadores serem desempregados tanto no setor público como no setor privado. Vejam o exemplo do PDV, do Estado do Rio Grande do Sul, vejam o exemplo do Plano Real, que diz que estabilizou a moeda e que a classe menos favorecida está comendo mais. Mas à custa de quem? À custa do pequeno agricultor que está indo para a barraca dos sem-terra e não à custa da estabilização da moeda. Nós temos, só no setor metalúrgico no Estado do Rio Grande do Sul, hoje, quarenta mil postos de trabalho menos do que tínhamos em 1994. Eu trabalho no setor de máquinas, tratores e implementos agrícolas do Estado do Rio Grande do Sul, um setor fundamental para a economia do Estado, principalmente, uma economia que depende fundamentalmente da agricultura e da agroindústria. Portanto, estamos assistindo, neste final de século, a um setor que  tinha, no período de 80, cinqüenta e seis mil postos de trabalho diretos e indiretos. Hoje, temos apenas quatorze mil postos de trabalho diretos e mais de oito mil indiretos. Por isso, para nós, soberania nacional significa o cidadão ter emprego, ter salário, ter moradia, energia elétrica, ter acesso a um telefone e aos  meios de comunicação. E é isso que os governos deveriam estar discutindo com a sociedade organizada, e não vender a CRT, como venderam a uma empresa espanhola e para RBS. Em troca de quê? Querem vender a CEEE. Será que a empresa que vai comprar a CEEE vai levar energia elétrica à periferia da cidade para aquele cidadão que ganha R$112,00 por mês? Portanto, já disse que é um tema abrangente e complexo. Agora, está de parabéns a Ver.ª Maria do Rosário, minha grande companheira do Partido dos Trabalhadores. Sou estreante na Câmara de Vereadores de Horizontina, que fica na divisa com a Argentina. Para mim é uma satisfação, como representante da Federação dos Metalúrgicos do RS, fazer parte deste debate. Coloco-me sempre à disposição, tanto no âmbito do Partido, como no âmbito do Movimento Sindical e Operário, a fazer esse debate. Desculpem o tempo que extrapolei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrando esse momento como Presidente da Mesa, durante esse processo, registro  que houve  14 discursos sobre um tema tão fundamental.

Eu tenho a satisfação de dizer, e penso que estou interpretando a Casa toda, que foi uma aula de democracia que esta Câmara cultivou hoje e que deverá dar frutos, porque o contraditório foi colocado de forma veemente, transparente, democrática e respeitosa. Foi para nós uma lição de paciência e de apoio a esta Casa a presença aqui do ilustre Vice-Prefeito, durante o tempo que pôde permanecer, ex-Deputado e atual Secretário do Governo, José Fortunati. Para nós foi importantíssimo, fundamental, o que consideramos que deva continuar existindo, a presença das representações sindicais, as representações populares, as representações de todos os movimentos, como o companheiro, Vereador de Horizontina Alcindo Kempfdr. Agradecemos especialmente às autoridades militares, que, hoje, estão aqui presentes. Concordo com o Ver. Pedro Américo Leal, aqui, neste momento, pois nos trouxeram o seu apoio com a sua perseverança, a sua participação. Queria agradecer, em especial, ao ilustre representante do Comando Militar do Sul, Coronel José Airton Mendonça, e ao Exmo. Representante do Comandante-Geral da Brigada Militar, Major Flávio Amorin.

Suspendemos os trabalhos, neste momento, para as despedidas e, imediatamente, retornaremos ao período de Comunicações.

 

( Suspendem-se os trabalhos às 18h02min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h04min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos ao tempo de Comunicações. Está com a palavra o Ver. Adeli Sell, mas antes, porém, vamos obedecer a uma norma regimental, por orientação sábia do Presidente da Comissão de Justiça, Ver. Elói Guimarães, e  da nossa Diretora, de que teríamos ainda dois ou três minutos. Vamos pedir licença aos Srs. Vereadores para prorrogar a Sessão por mais duas horas. Colocamos em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Por unanimidade, continuaremos os trabalhos.

Com a palavra, o Ver. Adeli Sell em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Senhores e Senhoras. Fiquei  muito contente com a presença do Prefeito e do Vice-Prefeito, hoje, aqui, e fiquei muito contente com o pronunciamento do Prefeito Raul Pont, quando fez uma menção explícita à questão do turismo na nossa Cidade, tema que já levantei de outras feitas aqui. Quero levantar, mais uma vez, a importância que teve a colocação do Sr. Prefeito Municipal, dizendo que haverá recursos públicos municipais para o incremento do turismo em nossa Cidade. Nós discutiremos, muito em breve, uma posição que o governo vai nos trazer sobre a possível extinção da EPATUR e o que de fato deveremos fazer acerca do turismo, qual o organismo que cuidará de tão importante questão em nossa Cidade. Eu levantei, na semana passada, e fiquei  muito feliz em ter o apoio de vários Vereadores de outras Bancadas, a proposta para a criação de uma escola técnica agrícola municipal em Porto Alegre; tenho agendada para amanhã, com o Sr. Secretário Municipal de Educação, Professor José Clóvis de Azevedo, uma reunião para discutirmos essa importante questão. Quero já levantar a ele a informação de que recebi várias  e, surpreendentemente, várias manifestações de apoio de pessoas a esta proposta, de nós tentarmos criar uma escola técnica agrícola em Porto Alegre.

A Prefeitura tem condições e, inclusive, tem um terreno muito apropriado para isso, que é no próprio Centro Agrícola Demonstrativo na Lomba do Pinheiro. Quero sugerir, inclusive, que não seja apenas uma escola técnica de segundo grau, porque os  municípios terão que se integrar e se adequar à nova legislação federal e assumir mais escolas e, no nosso caso de Porto Alegre, mais  escolas públicas de primeiro grau, apesar da importante contribuição que a nossa Administração está dando para as creches e as nossas denominadas escolas infantis, que são de fato importantes, revolucionárias na educação da nossa Cidade. Quero, inclusive, sugerir ao Sr. Secretário que se pense na criação da escola técnica agrícola de 1º  e 2º graus,  que possamos fazer um projeto integrado com outras Secretarias, como a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, para que incrementemos o desenvolvimento econômico e social de nossa Cidade também na área rural, essa importante área agrícola que o nosso Município dadivosamente da natureza recebeu. Quero  também levantar ao nosso Secretário a importância do nosso Projeto, porque nós poderíamos ter uma escola técnica agrícola que trabalhasse dentro de uma concepção de desenvolvimento auto-sustentável, que seria a questão da agricultura sem o uso de defensivos agrícolas, agrotóxicos, venenos - ou o nome que a gente possa dar -, ou seja, integrando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente com as escolas, numa educação ambiental para a nossa Cidade. Quero aqui deixar registradas essas duas questões importante para a nossa Cidade que, na minha opinião, merecem de todos nós da comunidade um trabalho muito grande para que essas idéias se realizem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de registrar que o Ver. Carlos Garcia pediu para avisarmos que ele se retirou um pouco antes para ir a uma Missa de  7º Dia de seu sogro, Sr. Togelo Gonzales Rios, mas, antes de ele sair, fez um elogio que faço questão de passar ao Plenário. Ainda na presença das nossas assessorias, ele disse que a nossa Assessoria de  Relações Públicas funcionou maravilhosamente bem, tanto no almoço quanto agora. Quero transmitir o elogio para a Coordenadora Magda Chaves, pois isso é  importante quando se consegue fazer bem as coisas, não só para ela, mas para a Diretoria Legislativa e para a Procuradora, que esteve sempre trazendo respostas às Questões de Ordem colocadas.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Solicitei, há cerca de duas semanas, em dois Requerimentos: o número de assessores nos gabinetes dos Vereadores, nome e funções exercidas, e que a Câmara analisasse o problema de 1976, quando eu era Vereador e Diretor do DMAE, mas, por ação da Câmara na Justiça, não pude mais ser Diretor do DMAE. Gostaria que a Mesa respondesse aos dois Requerimentos documentados. No caso do DMAE, coloquei os processos à disposição, bem como todas as informações necessárias.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. terá o esclarecimento, conforme informalmente já afirmei. Não foi feito, porque não tínhamos ainda a planilha completa. Amanhã, seguramente, assinarei a  informação para V. Exa., pois já tenho todos os dados solicitados nesta informação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Na folha 7 do espelho, em Comunicações, tem a lista de oradores do dia de hoje, e quando fala dos oradores do dia 19, diz: inscrições no início da Sessão. As Comunicações não são por ordem alfabética?

 

O SR. PRESIDENTE: Esclareço. Nas Sessões das quartas-feiras, as inscrições para Comunicações são feitas  no livro. Nas segundas-feiras, são feitas pela Assessoria Legislativa, conforme critério estabelecido, considerando a proporcionalidade partidária. Esses oradores do dia 19, que quiserem usar a palavra em Comunicação, até o número de cinco, poderão se inscrever logo que for constatado o quórum na Sessão.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Requerimento): Sr. Presidente, eu  compareci no seu gabinete, pessoalmente, e fiz um pedido para que retirassem o obstáculo aéreo que se assoma logo à direita da nossa agência da Caixa Econômica. Depois fiz um Requerimento, pois aquele monstrengo que ali está precisa sair dali, porque aquilo é um espantalho terrível, e está causando até acidente. Eu já surpreendi duas moças batendo com a testa ali, porque ali, "ipso facto",  o indivíduo, ao conferir sua conta, vem distraído, olhando para baixo, e bate com a sua cabeça. Parece que aquilo está colocado ali de propósito.

 

O SR. PRESIDENTE: Quero dizer ao Ver. Pedro Américo Leal que nós não retiramos aquela obra de arte daquele local, porque ela está registrada na Galeria Clébio Sória e precisa de autorização do seu autor, e que, em 1994, a Presidência desta Casa - Ver. Luiz Braz - já tentou e não conseguiu ser bem-sucedida  no intento, e a coisa passou. Hoje estamos dispostos a fazê-lo, em função de várias solicitações. Inclusive, o médico da Casa foi para o Ambulatório em função disso, e ele mesmo teve que ser atendido. A verdade é que o processo é mais difícil do que pensávamos. O erro desta Presidência é que não conseguiu, ainda, colocar uma fita de isolamento até que se possa retirar a obra definitivamente.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu pensei que hoje haveria uma orientação da Direção da Casa no sentido da distribuição das novas bancadas e as conseqüências dessa reorganização espacial-eleitoral. Como a Presidência e a Mesa não fizeram as orientação, eu quero levantar a seguinte Questão de Ordem: o Ver. José Valdir, por exemplo, que ocupa a minha Bancada, até há pouco tempo, ainda não havia recebido a minha chave para poder colocar a mão na gaveta da bancada, porque eu também não tenho a chave da Bancada onde hoje o PSDB definiu que vai ocupar o espaço, que é na extrema esquerda da mesa. De maneira que eu gostaria que a Mesa tomasse a providência prática de revisar a questão das chaves, porque o Ver. João Dib eu sei que utiliza documentos. Eu guardo ali a Lei Orgânica, a  Constituição Estadual, etc. Eu já avisei ao Ver. José Valdir que eu cedo,  com todo o prazer, a antiga bancada, mas gostaria de garantir a mesma comodidade de usar a gaveta da minha nova mesa e, evidentemente, que aqui temos dezenas de Vereadores novos que vão ter o mesmo problema prático. Então, eu gostaria de pedir à Presidência que encaminhe essa questão.

 

O SR. PRESIDENTE:  Será encaminhada imediatamente. Nós tínhamos a expectativa de irmos para o Plenário novo e não tomamos essa providência.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, só para dar uma sugestão sobre aquele "monstrumento" que há lá embaixo. É só levantar mais um metro que ele não bate em ninguém.

 

O SR. PRESIDENTE: Foi o que este Vereador já mandou fazer, mas tem que ter, ainda assim, a autorização do autor. Mas nós vamos providenciar.

A palavra está com a Ver.ª Anamaria Negroni, em tempo de Comunicações, por oito minutos. São permitidos apartes.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sr. Prefeito, Sr. Vice-Prefeito, Sr. Secretário, Vereadores, Funcionários, Imprensa. Senhoras e Senhores. Primeiramente, gostaríamos de salientar a satisfação de termos recebido, nesta Casa Legislativa, o nosso Prefeito, Secretários, assessores e visitantes de vários sindicatos da nossa Capital. Por outro lado, aproveitamos o momento para dar as boas-vindas aos nossos ilustres colegas veteranos, que retornam ao convívio desta Casa do Povo.

Apresentamos outrossim, nossa homenagem carinhosa a todas as Vereadoras e Vereadores que, como nós, estão debutando nesta Casa Legislativa. Esta nova Legislatura,  XII desta Casa, que tem como marco o dia de hoje, certamente promete muito trabalho, muitos projetos, muitas discussões. Todavia, esperamos que seja repleta de diálogos e composições, no que tange aos interesses da população da nossa Capital. Nossa linha de atuação está plantada numa constante busca das soluções dos problemas que afligem a nossa comunidade menos favorecida.

Priorizaremos, sempre, a defesa dos interesses daqueles que sofrem com carência de emprego, habitação, saúde, educação, saneamento básico, bem como lutaremos contra a discriminação, de forma geral, e o abuso sexual, em qualquer grau, mas, principalmente, no infanto-juvenil. Não pretendemos ficar apenas na fiscalização. Acreditamos que uma oposição moderna tem que criticar os erros, apontando suas soluções. E também, por que não parabenizar e até mesmo aplaudir tudo aquilo que está dando certo? Nesse sentido, sentimo-nos felizes com o apoio do nosso Prefeito Raul Pont quanto à construção da tão esperada pista de eventos. Ficou claro para nós, quando participamos dos desfiles carnavalescos, que o carnaval de Porto Alegre é infinitamente maior que as precárias instalações da Av. Augusto de Carvalho.  Falta espaço, faltou espaço na Avenida, quando dos desfiles carnavalescos. Faltou espaço quando da escolha da Rainha e Princesas do Carnaval. Falta espaço para as paradas cívicas, as manifestações tradicionalistas, religiosas, etc.  Foi uma lástima, mas inúmeras pessoas foram impedidas de participar, por falta de ingressos, do brilho do carnaval porto-alegrense que, sem dúvida alguma, ocupa uma das tribunas de honra desta festa popular, que é considerada o maior evento do gênero do nosso planeta.

Devemos, cada vez mais, apoiar a nossa cultura popular com fatos concretos, como essa obra importante para o povo porto-alegrense. Esperamos, sinceramente, que não aconteçam mais fatos lastimáveis, tais como a perda dos oitocentos e sessenta  mil reais, verba essa necessária para a reforma da Usina do Gasômetro.  Desculpem-nos, Srs. e Sras Vereadores, a repetição de tal fato, porém, cremos ser necessária, haja vista que tal notícia possa ter passado despercebida pelos nobres Vereadores que se encontravam desfrutando do recesso parlamentar desta Casa. Foram oitocentos e sessenta mil reais. Tal verba, colocada à disposição da Administração Municipal, que, por incompetência e/ou por pura negligência, deixou de entrar para os cofres da Prefeitura Municipal. Ocorre que a verba em questão, embora garantida pelo Governo Federal, pelo nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso, não foi e não será repassada para a nossa Cidade por uma imperdoável e inaceitável negligência do Governo Municipal, que deixou de iniciar as obras em tempo hábil, embora já houvesse recebido a primeira parcela, para tanto, no valor de  cento e quarenta mil reais.

Outro fato desabonatório à dita administração democrática foi o Decreto assinado em 23 de janeiro de 1997 e publicado no Diário Oficial em 05 de fevereiro último, baixado de forma ditatorial pelo nosso Prefeito Municipal, que com um simples “canetaço”, acabou com os CIEMs, sepultando de vez com a  "menina dos olhos" ou, como afirmou o ex-Presidente desta Casa, Ver. Isaac Ainhorn, a “pedra de toque” da ideologia educacional do PDT de Leonel Brizola e de Alceu Collares.

Pois bem:  é dessa forma que o PT pretende iniciar negociações visando coligações para concorrer ao Governo do Estado nas próximas eleições, apunhalando pelas costas seu principal aliado? Os pedetistas gaúchos, tal qual Júlio César, ao se sentirem apunhalados covardemente, poderiam perguntar: "Até tu, PT?"

Sinceramente, esperamos que este episódio seja único durante a gestão do nosso atual Prefeito. E agora, com os decretos, só falta o nosso Prefeito baixar decreto fechando a Câmara Municipal por inocuidade, haja vista sofismáveis atitudes e manifestações registradas pelo Partido dos Trabalhadores.

Entretanto, se o nosso ditador, perdão, digo, nosso Prefeito, por ter maioria na Câmara, resolver que os problemas de Porto Alegre devam ser solucionados por decreto, permita-nos, pelo menos, uma sugestão para acabarmos com os  rotineiros congestionamentos em nossa Cidade. Sugerimos a V.Exa. que baixe um decreto com a seguinte ordem: "Fica terminantemente proibida a circulação de qualquer veículo pelos logradouros desta Capital, até decisão em contrário".

Oh! Seria o caos para o povo porto-alegrense! Ainda bem que isso é apenas um sonho na cabeça de alguns. Embora minoria nesta Casa do Povo, não permitiremos, jamais, que isso se torne realidade. Ao encerrar o nosso pronunciamento, nobres Vereadores e Vereadoras, ratificamos o nosso compromisso de viabilizar os trabalhos desta Casa. Encontrar-nos-emos sempre abertos para o diálogo, para o bom senso e para o bem comum. Pretendemos que o mandato seja, certamente, participativo, mas, seja democrático acima de tudo. Muito grata.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero aproveitar esse momento para manifestar aqui a minha satisfação de ter hoje, neste Plenário, recebido o nosso Prefeito e me associar ao pronunciamento último do nosso colega, Ver. Adeli Sell, que destacou as palavras do Prefeito no sentido de apoio ao desenvolvimento de turismo em nossa Cidade, os recursos públicos  municipais sobre turismo, a preocupação com  o turismo. Reforço aqui a minha satisfação, pois, realmente, isso é algo que está na nossa mente, no nosso coração. Estamos vendo a grande necessidade de um investimento nesta área. Não sei qual a intenção com relação à EPATUR, mas, se existe a preocupação com relação ao turismo, é isso que nos importa no presente momento, até porque estamos vendo que há um investimento nesta área.  Também o pronunciamento do Prefeito Raul Pont no sentido da Pista de Eventos, que alguns preferem chamar de Sambódromo - eu particularmente, prefiro o nome Pista de Eventos... Em outras oportunidades, eu me pronunciei favorável à Pista de Eventos, porque dá idéia de que não é apenas para o carnaval mas para qualquer tipo de evento de grande vulto na nossa sociedade. Na verdade, como eu  tenho falado, é uma lacuna que existe na nossa Cidade e, pelo que estamos vendo, a Administração Popular está preocupada em preencher. E nós damos as mãos para esta grande investida da Administração Popular, porque nós queremos o bem para a nossa Cidade, para a sociedade porto-alegrense. Portanto, eu sei que existem alguns questionamentos com relação a áreas. Nós sabemos que existem áreas que não são de interesse, até pela ocupação com hospitais, residências e etc... Mas existem áreas em Porto Alegre. Estamos atentos para isso e queremos colaborar nesse sentido, estar junto com  os nossos companheiros, porque este é o bem maior.

Por outro lado, também, Ver. Adeli Sell, eu manifesto, aqui, o meu apoio a sua manifestação no sentido da criação da Escola Técnica Agrícola em Porto Alegre. Como Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, nós estamos associados ao senhor e queremos juntos trabalhar para que isto venha a ser uma realidade em nossa Cidade. Realmente, Porto Alegre é um pólo que recebe muitas pessoas do interior com a dedicação para esta área. E nós queremos dar apoio às nossas crianças, porque Porto Alegre também é uma cidade rural. Nós temos áreas de plantações muito grandes em Porto Alegre e a nossa preocupação se associa à do nosso companheiro Adeli Sell que, com muita propriedade, está trabalhando em cima deste projeto.

Nós, hoje, estamos participando da XII Legislatura. É um momento de muita satisfação. Tive o privilégio de participar da Comissão Representativa. Foi muito válido para mim estar aqui. Aprendi, estou aprendendo. Gostaria de destacar a minha admiração  pelos Vereadores antigos da Casa. São pessoas experientes. Incorreria numa falha, Sr. Presidente, se fosse comentar nomes. Não sei se vou exagerar na minha humildade, mas fico boquiaberto ao ouvir as palavras desses senhores que têm - como usamos  falar lá fora - "muito café no bule". Parabéns. Estou aprendendo, é uma nova experiência para mim. Estou muito feliz por participar.  Estamos novinhos aqui. Gostaria de dizer da satisfação que sinto por estarmos confraternizando.

Hoje, Ver. Luiz Braz, pudemos ver todos os companheiros que não estavam aqui anteriormente.  Com alguns a gente não tem muita afinidade, mas com o decorrer do tempo isso muda. Fico satisfeito com esse espírito fraterno e de harmonia, de desejo de contribuir para o engrandecimento da nossa Cidade. Estamos de mãos dadas nesse sentido, independente, evidentemente, das nossas ideologias. Cada um, dentro da sua ideologia partidária, vai defender os seus interesses. Mas o interesse maior, de todos nós, é o bem-estar da nossa Porto Alegre. Tenho o prazer, a honra, o orgulho de dizer que nasci e me criei aqui.

Como pastor evangélico, como homem de Deus, que me reconheço, gostaria de, neste primeiro dia da nossa Legislatura do terceiro milênio, manifestar uma expressão bíblica para ficar no coração de todos vocês, que são governadores, líderes. A Bíblia, a palavra de Deus diz que toda a autoridade é constituída por Deus. Portanto, entendemos que nenhum dos senhores que aqui estão, até aqueles que não acreditam em Deus - que evidentemente respeitamos muito -, mas até aqueles são constituídos por Deus. Eu gostaria de deixar uma expressão bíblica que está lá no livro de Deuteronômio, no Velho Testamento, que diz: "Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!"  Seja para todos vós esta mensagem e que diante de nós, diante das nossas decisões, dos nossos pronunciamentos esteja aquele que nós chamamos o Verdadeiro Arquiteto do Universo, o nosso Deus. Muito obrigado, Deus vos  abençoe!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães cede seu tempo ao Ver.  Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero agradecer ao Ver. Elói Guimarães. Eu iria utilizar o tempo de Liderança do PSDB, mas, diante da gentileza do Ver. Elói, faço questão de ficar devedor de S. Exa., numa próxima ocasião retribuir com  tempo também a ele.

Queria fazer um registro e deixar bem pontuada a posição que o PSDB vai manter ao longo desses quatro anos, muito especialmente aos  dois próximos anos, que  antecedem a eleição de 1998, posição que na prática já foi desenvolvida pela Verª Anamaria Negroni, que durante a Comissão Representativa defendeu aqui a Bancada do PSDB, porque foi por nós indicada para ser a representante do Partido durante a CR. Temos visto, ao longo de meses, o Partido dos Trabalhadores trazer sempre questões nacionais nos grandes debates de Porto Alegre. Como se Porto Alegre mesma não tivesse debates específicos a serem feitos! Quero repetir aqui algo que já havia dito em dezembro, que foi repetido na prática pela Ver.ª Negroni. Eu quero reiterar, na condição específica da Liderança do PSDB: vamos responder a todas as questões e vamos levantar outras contradições. Eu, por exemplo, me permito corrigir  o Ver. Adeli Sell - com muito atraso, pois o Vereador não estava no Plenário quando cheguei numa das Sessões  da Representativa - quando ele me respondia, na minha ausência, sobre a questão do companheiro Vacareza, lá de São Paulo, dizendo que o PT já havia tomado as providências. Bom! Se as providências do PT são desse nível, realmente o PT mudou muito, porque deu licença para o companheiro na situação em que está e veio dizer que o afastou ou coisa parecida. Fiquei lembrando, aqui, o tempo que eu representava o Partido dos Trabalhadores. O Ver. Clovis Ilgenfritz, na época, era Assessor da Casa, o hoje Secretário César Alvarez integrava a nossa equipe. O PT  teria expulsado o companheiro do Partido; não usaria a suspensão para protegê-lo. Na prática foi isso que se fez! Suspendeu-se, deu-se uma licença. Como o mandato do companheiro Vacareza termina em seguida, na verdade tirou-se o companheiro Vacareza da vitrine. Isso não é solução, Ver. Adeli Sell: essa é a maneira de tergiversar a questão. Ele não é um simples companheiro do Partido, é uma Liderança da Direção Nacional do Partido. Muito diferente o discurso petista e a prática petista objetivada.

Li o que escreveu o Deputado Paulo Delgado, com muito interesse, porque ele sempre foi uma pessoa pela qual tive o maior respeito possível e com quem mantive uma série de contatos, no meu tempo final de Partido dos Trabalhadores, exatamente porque tínhamos as mesmas discordâncias, talvez com a diferença de que eu tive coragem de trocar de trem, para não perder a história. O Deputado Paulo Delgado ainda não pôde, eventualmente, ou não definiu ainda trocar de trem, mas sabe que está perdendo a história. Dos Vereadores do PT, que são tão cuidadosos em trazer as questões nacionais para este Plenário, nenhum Vereador comentou a página inteira da Zero Hora do dia 30 de janeiro. Eu não pude comentar antes porque não estava aqui, e os Vereadores ficam preocupados em conseguir tempo de Liderança. Vão ter de esperar até quarta-feira porque não tem mais tempo de Liderança agora; já queimaram o tempo de Liderança. Teremos, Ver. Gerson, sem dúvida nenhuma, mas, por enquanto, democraticamente, eu que sempre ouço, com muita tranqüilidade, as colocações do PT, quero deixar registrada aqui uma passagem que me parece muito interessante porque toca, exatamente,  na questão que o PT vem insistindo em trazer para esta Casa e que eu aceito, que é a reeleição. Diz, ninguém mais, ninguém menos, do que o Deputado  Paulo Delgado, professor de História, um dos mais antigos membros do PT: " Um Partido coalhado de professores de História, como o PT..." - eu diria, como o professor Adeli Sell - "...não pode deixar de perceber que não é possível não conferir prestígio e poder a um Presidente cujo grupo político estabilizou a economia brasileira". Ele é muito mais realista do que nós do Real, do Presidente Fernando Henrique, porque ele diz: "Quem estabilizar a economia governa 25 anos", e o PT não percebeu que se o Governo caiu no Real é hora de o PT cair na real. Não é mais hora de criar fatos, eu diria, de criar essas sessõezinhas como tivemos hoje à tarde, para discutir enfoques, sem entrar no fundo das discussões, como o Ver. Sebenelo propôs, ou de ironizar com falta de respeito político, de educação e com muito pouca democracia, como fizeram com o Sebenelo. Os que estavam aqui atrás nas arquibancadas, enquanto o Vereador discursava, riam e faziam carinhas, diziam coisinhas, tentando impedir que uma Bancada se manifestasse, que um Vereador falasse, coisas que não costumamos fazer. Os companheiros do PT sabem disso, jamais fiz e jamais vou fazer, nem a Bancada do PSDB fará: impedir que as outras Bancadas tenham as suas posições. Queremos, sim, discutir. Vejam o que diz o Deputado Delgado: "Não é mais hora de criar fatos, mas atos políticos". A votação no Congresso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especificamente na Câmara Federal, foi realmente ridícula. Por que para a rua - uma coisa que não interessa a nós do PSDB, não interessa ao Presidente Fernando Henrique Cardoso... Qual foi o resultado final da votação? Dezoito, dezenove Deputados contra a reeleição, trezentos e poucos a favor, o que não reflete a realidade da composição da oposição do Congresso. Por quê? Porque nesta idéia de radicalizar, de ser do contra de toda a maneira, a jogada do Deputado Genuíno não tinha alternativa: ou trancava o controle do quórum e perdia tudo, como perdeu, ou ia para o debate. É o que fizemos aqui muito tranqüilamente, por exemplo, quando esta Casa votou a Lei Orgânica do Município. Foi o que fizemos muito tranqüilamente, quando, na Assembléia Legislativa, se votou a Constituição do Estado e quando se votou a Constituição deste País. Lembrem que, naquela época, havia muitos companheiros da esquerda, dizendo: " tem que trancar tudo". Felizmente, pessoas equilibradas como o Deputado Paulo Paim, disseram  "não" ao centrão. Temos que montar o grupo de esquerda e ir para o debate, ir para a briga, ir para a votação.

Sr. Presidente, requeiro o tempo de Liderança, que ainda não foi usado pelo PSDB.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere o uso do tempo de Liderança por V.Exa.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Foi graças a isso que este País ganhou a Constituição que tem, graças à esquerda, uma esquerda competente e não uma esquerda do não, uma esquerda do contra, uma esquerda que boicota, que veta, que tranca, que radicaliza, mas que, quando é poder, vem pedir arreglo, como ocorreu nesta Casa ao longo dos quatro anos da administração Tarso Genro. A Prefeitura deitou e rolou nesta Casa, ou na negociação política, que é absolutamente legítima, ou, ao  contrário, na tentativa das cooptações as mais variadas possíveis a que nós assistimos aqui.

Quero deixar registrado, por uma questão de respeito - não houve tempo para registrar à frente do Prefeito Raul Pont -, que tenho eventuais  diferenças com o Prefeito. Uma delas é que, na sua propaganda, ele não foi capaz de lembrar que o PT elegeu um Vereador em 1982, este Vereador, o primeiro Vereador eleito. O professor de História, o sociólogo, prefere omitir a história para não ter que "dar o braço a torcer". Apesar disso tudo, o Prefeito Raul Pont vai ter mais coerência e mais respeito por esta Casa na prática, exatamente por uma questão que ele levantou hoje aqui. O Prefeito Raul Pont já foi Deputado Estadual e, aliás, se deu mal, porque era só do contra. E me lembro que um dos comentários que se fazia aqui entre nós, companheiros do PT, era de que ele só era do contra. A Bancada do PT, lá, praticamente em quatro anos, aprovou um único projeto, porque, como não aprovava os dos outros, não aprovava os seus. O Ver. Pedro Américo Leal deve ter acompanhado essa situação lá na Assembléia. Posteriormente, a Bancada do PT cresceu de um para nove Vereadores, e me lembro que o Ver. Flávio Koutzii foi um dos que de cara chegou aqui e disse: "nós temos que negociar". Negociamos tão bem, que fizemos toda aquela reforma, em que o Ver. Luiz Braz foi um dos que colaborou com o PT, através, inclusive, do meu retorno aqui para a Casa, do Ver. João Motta e do Ver. Flávio Koutzii. Fomos os três, basicamente, que conversamos com as bancadas de oposição. Então, tenho muita expectativa de que, hoje, o Prefeito Raul Pont de fato negocie com esta Casa, nesta negociação que é da política, com letra maiúscula: com respeito à Casa, buscando a composição da maioria, mas, por exemplo, ouvindo o Ver. Luiz Braz, ouvindo e lendo o Parecer Técnico que esta Casa elaborou sobre o Plano Diretor. Esse Parecer tem uma conclusão bem clara: "pega o que está aqui e  bota fora, manda outro".

O Prefeito, hoje, disse que o Projeto foi amplamente discutido. E foi: o Projeto do Plano Diretor teve dois anos de debate. Nisso o Prefeito Raul Pont tem absoluta razão; ele só se esqueceu de dizer que o que veio para cá não é o que foi discutido, tanto que nem a especulação imobiliária, nem os movimentos organizados das entidades estão de acordo com o Projeto, porque o que veio foi outra coisa, o que veio foi aquilo que a Assessoria Argentina, sem nunca ter conhecido Porto Alegre, montou para a Prefeitura aos trancos e barrancos em três meses e meio, ou quatro. E se o Prefeito Raul Pont e o Vice-Prefeito Fortunati, lerem o documento desta Casa, realmente, a não ser que estejam muito pressionados por alguma outra coisa, vão ter que rever o Projeto. É impossível nós admitirmos que, ao longo de um século, Porto Alegre tenha errado, e só agora o PT, por um modelo americano, neoliberal, diga-se de passagem, representado por um segmento da UFRGS, da Faculdade de Arquitetura, que é o Propar, que são os chamados pós-modernistas da arquitetura, tenha descoberto que todos os Planos Diretores antigos da Cidade estavam errados, e o novo conceito de Plano Diretor chega a Porto Alegre e vai salvar a Cidade.

Eu quero, Sr. Presidente, ao agradecer a atenção dos Vereadores, dizer que vou voltar, permanentemente, ao tema do Plano Diretor, porque é a questão mais importante que nós temos, e dizer aos companheiros do PT, com toda a tranqüilidade, que aceito e aceitaremos - a Bancada do PSDB, como, tenho certeza, a Bancada do PMDB no Estado, a Bancada do PFL em termos estadual e federal e as demais Bancadas - a discussão que é política, que é partidária e fundamental, mas, sobretudo, que quer “botar os pontos nos is”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em tempo de Liderança pelo PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores foi  com muita alegria que recebemos nesta Casa, hoje, o Sr. Prefeito e o Sr. Vice-Prefeito, que vieram colocar-se, aqui nesta Câmara, à disposição de um diálogo permanente. Ouvi, com  muita atenção, suas colocações, só que, ao mesmo tempo em que eles nos comunicavam isso, eu estive lendo - e todos os Srs. Vereadores receberam - o Expediente que, hoje, foi distribuído e tive a oportunidade de verificar que o Executivo Municipal vetou dezenove Projetos oriundos desta Câmara, sendo que dezessete ele vetou totalmente e dois parcialmente. Eu me preocupo com o discurso e a prática: o discurso nós ouvimos, e a prática está aqui. Eu enumerei alguns vetos que gostaria de citar rapidamente: vetou  que o Executivo possa expedir alvará provisório para o funcionamento das  micro e pequenas empresas, justamente no momento em que o País passa por um elevado desemprego. Seria uma medida para acelerar a atividade geradora de receita, de renda, e o Prefeito vetou. Vetou, também, um Projeto do Ver. Artur Zanella, que diminui a alíquota do ISSQN sobre corretagem de seguros, penalizando, ainda mais, essa atividade profissional, aumentando a evasão de renda, aumentando a evasão de empregos. E mais: vetou, também, um projeto que dispõe sobre a obrigatoriedade da divulgação dos valores pagos, com recursos do Município, por peças publicitárias, justamente um partido que prega a transparência dos atos públicos. É uma incoerência.

Meu caro Ver. Eliseu Sabino, Presidente da Comissão de Educação... Pasmem, Srs. Vereadores! Vetou,  também, o Projeto que cria o Fundo Municipal de Crédito Educativo. Onde está a prioridade para a educação? Na prática, não existe. E vetou, ainda, um projeto que cria o Programa Municipal do Leite para Crianças Carentes; tirou leite das crianças. Incoerência entre o discurso e a prática. Ouvi, ilustre Ver. Adeli Sell, o seu entusiasmo sobre o programa de incentivo ao turismo, atividade tão necessária e geradora de empregos, e, ao mesmo tempo, o Sr. Prefeito propõe a extinção da EPATUR, desprezando  25 anos de cultura turística em Porto Alegre. Acho que nós temos que repensar entre o discurso e a prática. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há inscrições para Explicação Pessoal.

Agradecemos a todos pela presença e repetimos sempre que a política é a arte da paciência, e esta arte, hoje, foi aqui desenvolvida.

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h55min.)

 

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